Mais do que o fechamento de um ciclo, o Natal e o Ano Novo – tradicionais datas comemorativas que mobilizam o comércio em geral – podem ser a oportunidade para o chamado empreendedorismo de ocasião. Nichos como alimentação, decoração, comércio e turismo são opções para aproveitar a demanda sazonal, driblar o desemprego ou conseguir uma […]
Mais do que o fechamento de um ciclo, o Natal e o Ano Novo – tradicionais datas comemorativas que mobilizam o comércio em geral – podem ser a oportunidade para o chamado empreendedorismo de ocasião. Nichos como alimentação, decoração, comércio e turismo são opções para aproveitar a demanda sazonal, driblar o desemprego ou conseguir uma folga no orçamento. “É uma boa época para não só para as pessoas terem um ganho extra, mas para experimentarem empreender. Testarem o mercado, mas também se verem como empreendedor”, define o coordenador do Grupo de Pesquisa em Empreendedorismo da Universidade Federal de Goiás (UFG), Cândido Vieira.
Há quatro meses, a empreendedora Nayane Reis, 29 anos, resolveu transformar as habilidades como artesã em um meio para incrementar os rendimentos. Mas uma reviravolta na vida profissional transformou o que seria o “plano B” em primeira opção de renda. Sem trabalho fixo, apostou na criatividade para confeccionar guirlandas, tradicional enfeite natalino, aromatizantes e sabonetes. “Por causa do período de festas de fim de ano, já registrei um volume médio de aumento das vendas de 40%”, informa ela, que aproveita a experiência de oito anos no mercado de crédito para acompanhar de perto os números do negócio.
Antenada, ela adaptou os ornamentos dos produtos com temas natalinos e viu na troca de presentes que costuma ocorrer no fim do ano – como nas brincadeiras de amigo oculto – um nicho a explorar. “Resolvi empreender para ficar perto da minha filha, que tem dois anos. Criei uma página do Instagram (@luzartedeco), divulgo em grupos e em listas de transmissão no WhatsApp e anuncio em site de vendas. Vem dando certo”, comemora.
Oportunidades
Além do nicho de decoração, outras áreas também representam oportunidade para empreender no final do ano. No ramo de alimentação, pratos típicos, como o panetone, abrem possibilidades para atuação, bem como a organização de festas para grupos de amigos, empresas e famílias. “É um período de férias, de viagem. Com quem deixar o gato ou o cachorro? Temos exemplos de empreendedores que usam a própria casa para receber esses animais”, ilustra Cândido Vieira, que também é professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Administração da Faculdade de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas (FACE) da UFG.
É importante, entretanto, escolher alguma área com a qual o empreendedor já tenha uma conexão. “É um investimento de ‘tiro curto’. Então, é necessário optar por algum setor que já tenha experiência. Não é só o saber fazer, mas algo com que já tenha alguma relação com fornecedores ou com as tecnologias necessárias”, aconselha.
Futuro
Nayane pretende desenvolver o portfólio de produtos focados no universo materno. Foi justamente por causa do nascimento da filha, há dois anos, que a empreendedora desenvolveu o gosto pelo artesanato. À época, a empreendedora criou todas as lembrancinhas e preparou o quarto da criança. “Quero seguir empreendendo e expandir as criações. Mesmo se conseguir um emprego fixo, não vou deixar de lado (o negócio)”, adianta. Para o futuro, ela já colocou na agenda a meta de se qualificar – sobretudo para o desenvolvimento de ideias de produtos – sonha ainda com a abertura de uma loja física.
Histórias de quem “experimentou” empreender em um período festivo e se consolidou no mercado são comuns, como explica Cândido Vieira. O pesquisador, entretanto, indica cautela antes de acelerar o negócio. “É preciso olhar se, de fato, esse produto tem possibilidade de continuar sendo comercializado e crescendo, pois alguns são sazonais. Se o empreendedor conseguiu, de alguma forma, compreender a clientela e desenvolver produtos e serviços que atenderam determinado público, acho que o melhor é ir tateando o mercado”, ensina.