A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) lançou nesta terça-feira (4) o livro gratuito Como fazer os juros serem mais baixos no Brasil. A publicação discute temas como a concentração bancária, spread bancário e cheque especial, entre outros, além de trazer comparativos entre o setor bancário brasileiro e de outros países e propõe medidas para reduzir […]
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) lançou nesta terça-feira (4) o livro gratuito Como fazer os juros serem mais baixos no Brasil. A publicação discute temas como a concentração bancária, spread bancário e cheque especial, entre outros, além de trazer comparativos entre o setor bancário brasileiro e de outros países e propõe medidas para reduzir os juros no país.
O livro é gratuito. O download pode ser feito por meio do link www.jurosmaisbaixosnobrasil.com.br. A obra também está sendo distribuída de graça em 14 lojas das redes das livrarias Cultura e Saraiva em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A entidade vai iniciar uma campanha de mídia na televisão, rádio, jornais e revistas para levar o tema de redução dos juros e spreads ao conhecimento do público em geral.
Nesta terça, no evento, o presidente da Febraban, Murilo Portugal, defendeu que, para um crescimento mais robusto da economia, será preciso uma queda mais forte dos juros. “A função dos bancos é emprestar para financiar a produção, o consumo e o investimento. Quem empresta quer emprestar para o maior número de pessoas e empresas, aumentando o volume de negócios e reduzindo os riscos. Quanto menores forem os juros, mais pessoas poderão usar o crédito.”
Debate
O diretor de Regulação Prudencial, Riscos e Economia da entidade, Rubens Sardenberg, explicou que um dos objetivos da Febraban é debater o tema com a sociedade e o governo e desconstruir ideias equivocadas que fazem parte do senso comum, como a de que a razão de os juros serem altos no país é o fato de a concentração bancária ser responsável pela formação da margem de lucro dos bancos.
“Muitos acham que os bancos têm um lucro muito grande porque são concentrados, ou que o crédito é caro porque tem poucos bancos que lucram muito alto. O livro é uma tentativa de mostrar que a questão é mais complexa que isso”, disse. “A ideia toda da campanha é mostrar que o Brasil tem custos muito altos de intermediação financeira. Assim como carros, celulares e energia elétrica são mais caros no país, o juro, que é o custo do dinheiro, também é mais alto”, explicou.
Custos
Um dos pontos debatidos no livro é o spread bancário, que consiste na diferença entre o custo de captação do dinheiro emprestado e o valor cobrado de quem toma o empréstimo. Segundo a Febraban, 85% do spread no Brasil se deve aos custos da atividade de intermediação financeira, como os custos associados à inadimplência (37%), às despesas tributárias, regulatórias e fundo garantidor de créditos (23%) e aos gastos administrativos (25%). A entidade afirma que apenas 15% representam o lucro dos bancos.
De acordo com Sardenberg, quando se compara o Brasil com outros países, percebe-se que mesmo em outros países que têm poucos bancos e mercados concentrados, como a Austrália e o Chile, os spreads são mais baixos.
Entre as medidas para reduzir os custos da atividade de intermediação financeira, e assim os juros para o consumidor final, o livro propões a aprovação do cadastro positivo e da nova lei de falências, maior facilidade para que os bancos recuperem os bens dados em garantia por empréstimos em caso de não pagamento e a eliminação da tributação indireta, que onera o crédito, e não o lucro.