A falta de investimentos em mobilidade urbana, saneamento básico, urbanismo, em obras que garantam os desenvolvimentos social e humano e de um planejamento urbano apoiado pela sociedade civil, fez com que Goiânia perdesse a competitividade entre as grandes melhores cidades para fazer negócios no Brasil. No ranking de 2018 das Melhores Cidades para Fazer Negócios, […]
A falta de investimentos em mobilidade urbana, saneamento básico, urbanismo, em obras que garantam os desenvolvimentos social e humano e de um planejamento urbano apoiado pela sociedade civil, fez com que Goiânia perdesse a competitividade entre as grandes melhores cidades para fazer negócios no Brasil. No ranking de 2018 das Melhores Cidades para Fazer Negócios, produzido pela Urban Systems para a Revista Exame, a Capital goiana despencou para a 32ª posição. Em 2017, a cidade ocupava o 11º lugar entre as 100 melhores do País.
A boa notícia é que no ranking além de Goiânia, figuram Catalão (77º lugar) e Anápolis (78º). Essas duas cidades ganharam posição na listagem. Em 2017, Catalão ocupava o 88º lugar e a Anápolis o 93º. No Brasil, a melhor cidade para fazer negócios, em 2018, era Vitória (ES), seguida de São Caetano do Sul (SP), São Paulo, Porto Alegre e Barueri (SP).
Vitória assume a 1ª colocação, depois de quatro anos fora do topo. Os eixos destaques da cidade são: capital humano e desenvolvimento econômico. 98,3% dos docentes do ensino médio tem curso superior, 35% dos trabalhadores passaram por uma faculdade e 71,2% dos domicílios tem coleta de esgoto, que é totalmente tratado. Entre as 10 posições estão municípios apenas das regiões Sudeste e Sul. Já entre as 20 melhores aparecem penas dois municípios da Região Centro-Oeste: Brasília e Cuiabá.
O ex-presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável, e Estratégico de Goiânia e da Região Metropolitana (Codese), Renato de Sousa Correia, lamenta que Goiânia tenha perdido o andar da carruagem entre as cidades melhores para fazer negócios. “Precisamos aperfeiçoar o modelo de fazer negócio em nossa cidade. A sociedade civil precisa de engajar mais com o Poder Público e fazer um planejamento de longo prazo. Não dá mais ficar esperando ações apenas do Governo”, alerta.
Ele entende que se faz necessário, com urgência, mais investimentos em infraestrutura – este é o item que Goiânia está em melhor posição na pesquisa da Urban Systems, embora tenha caído da 6ª para a 8ª posição -, como água, esgoto, energia, e sobretudo, na mobilidade urbana para garantir, inclusive, melhor qualidade de vida aos cidadãos. Outro ponto destacado por Renato Correia diz respeito ao plano diretor de Goiânia. Ele defende incentivos para a criação de parques industriais, para agregar valor à produção, e despertar investimentos em tecnologia. “Nossa economia não pode mais viver a base do setor de serviços”, opina.
Faltam obras
O empresário Geraldo Rocha, da Partner Corporate, empresa responsável pela viabilização de grandes negócios em Goiânia e em cidades do interior, como grandes redes de supermercados, shoppings e outros, lembra que a Capital goiana vem, ao longo dos últimos anos, passando por processos de administrações de visões de curto prazo, sem planejamento.
Ele lembra que, na última década não foi feita nenhuma obra de grande relevância em Goiânia e faltam investimentos em estrutura de mobilidade urbana, água, saneamento básico, energia e aumentou a burocracia para se abrir negócios”, lamenta. Geraldo conta que o prazo para se obter um alvará de construção chega a 24 meses e de uma licença de operação a mais de 12 meses. “Isso, sem falar, da qualidade de vida da população que está só caindo e da falta de uma política de incentivo de atração de investimentos privados”, disse.
A expectativa é que a economia brasileira cresça 4% este ano, mas os empresários goianos acreditam que Goiás, e automaticamente Goiânia, ficarão para trás caso não sejam tomadas medidas urgentes para mudar este quadro. “Temos de discutir a cidade e fazer a sociedade se engajar ao lado do Poder Público”, sugere o diretor da Partner Corporate.
Outros segmentos
O Ranking de Desenvolvimento Econômico transparece o recorte econômico e financeiro do estudo principal, acrescido de informações de comércio exterior (importação e exportação), diversidade econômica e também empreendedorismo. Neste item Goiânia surge na 78ª posição, sendo que no ano anterior, nem figurava entre as 100 cidades principais do País. As outras cidades goianas são: Aparecida de Goiânia (60º), Catalão (68) e Luziânia (94).
O capital humano é condição fundamental para o desenvolvimento e atração de qualquer segmento de empresa ou negócio, de acordo com os analistas da Urban Systems. Por ser a mão de obra estratégia fundamental para o sucesso de negócios, não importando o perfil do emprego, é necessário que haja mão de obra qualificada nas cidades. Neste recorte do Ranking das Melhores Cidades para Fazer Negócios, foram analisadas questões sociodemográfica, econômicas e do setor de educação, em diferentes níveis de ensino, contrapondo não apenas a oferta do capital humano atual, como olhando também para o cenário futuro.
Goiânia, mais uma vez perde posição entre as 100 melhores cidades, saindo da 17ª colocação, em 2017, para a 22ª no ano passado. A outra cidade goiana que aparece no ranking é Anápolis, na 81ª posição.
O ranking de desenvolvimento social mede o reflexo do desenvolvimento de negócios na cidade sobre a população local, avaliando indicadores sociodemográficos e econômicos, de educação, de saúde e de segurança. Em Goiás, só duas cidades estão entre as melhores: Itumbiara (65ª) e Goiânia (81º lugar).
Os indicadores de infraestrutura estão condicionados às facilidades que proporcionam ao desenvolvimento de empresas e negócios nas cidades. Com indicadores que tratam desde a infraestrutura básica (distribuição de água, por exemplo) até a questão de telecomunicação, os indicadores apontam cidades que não possuem barreiras para o desenvolvimento de negócios de diferentes segmentos.
Em uma economia cíclica, com altos e baixos de diferentes setores, é importante que a cidade apresente condições favoráveis, tanto para indústrias, quanto para empresas de serviços, sendo elas nacionais ou internacionais. E é nesse item que Goiânia aparece em melhor posição, entre os analisados, ficando em 8º lugar (embora tenha perdido duas posições na comparação com 2017). Também aparecem na listagem Anápolis (40º lugar) e Itumbiara (87).
O Empreender em Goiás procurou a assessoria do prefeito Iris Rezende e da Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação, por telefone e por email, mas não obteve retorno dos pedidos de entrevistas.
O estudo da Urban Systems tem o objetivo de avaliar as cidades mais atrativas para o desenvolvimento de negócios, considerando condições e infraestrutura disponíveis. A pesquisa apresenta também quatro recortes do tema: desenvolvimento econômico, capital humano, desenvolvimento social e infraestrutura.
As cidades pesquisas contam com mais de 100 mil habitantes, representam 70,4% do Produto Interno Brasileiro, 62,1% das empresas, 72,6% dos empregos formais e 56,5% da população brasileira.
Posição Cidade
1 – Vitória
2 – São Caetano do Sul
3 – São Paulo
32 – Goiânia
77 – Catalão
78 – Anápolis
Posição Cidade
1 – Barueri
60 – Aparecida de Goiânia
68 – Catalão
78 – Goiânia
94 – Luziânia
Capital Humano
Posição Cidade
22 – Goiânia
81 – Anápolis
Posição Cidade
65 – Itumbiara
81 – Goiânia
Posição Cidade
8 – Goiânia
40 – Anápolis
87 – Itumbiara
Fonte: Urban Systems