Parceria entre a Universidade Federal de Goiás e a iniciativa privada quer transformar Aparecida de Goiânia numa nova Valônia, cidade no sul da Bélgica que abriga importantes clusters e polos competitivos em aeronáutica e equipamento espacial, agroindústria, biotecnologia e outros setores. É reconhecida mundialmente por seus inovadores serviços de logística e transportes, que dão fácil […]
Parceria entre a Universidade Federal de Goiás e a iniciativa privada quer transformar Aparecida de Goiânia numa nova Valônia, cidade no sul da Bélgica que abriga importantes clusters e polos competitivos em aeronáutica e equipamento espacial, agroindústria, biotecnologia e outros setores. É reconhecida mundialmente por seus inovadores serviços de logística e transportes, que dão fácil acesso a um dos maiores mercados consumidores do mundo: a União Européia.
Para tornar realidade esse potencial logístico para Aparecida de Goiânia, a UFG e quatro empresas goianas (AllPark, Antares Pólo Aeronáutico, Innovar Construtora e Tropical Urbanismo e Incorporação) protocolaram na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) um projeto para a criação de uma Plataforma de Inovação e Logística no segundo maior município goiano. A proposta solicita R$ 4,3 milhões para subsidiar os estudos para a instalação desse cluster logístico, que pode se expandir até Anapólis, por onde passa a ferrovia Norte-Sul.
Em apenas uma década, Aparecida de Goiânia saiu de 9 mil para 34 mil empresas e concentra mais de 2 mil indústrias. Com o cluster, passará ao estágio de completar as cadeias produtivas, tornando-as mais diversificadas e especializadas. Além da localização privilegiada, entrarão em destaque também a inovação por meio da sinergia entre universidade e setor produtivo – caminho percorrido pela Valônia para alcançar o desenvolvimento atual.
A especialista em transporte e professora da Universidade de Brasília, Yaeko Yamashita, enfatiza a experiência da Valônia, região autônoma da Bélgica, que em 2005 criou clusters e pólos industriais que reforçaram a competitividade regional em setores nos quais já possuía potencial, como aeronáutico e de equipamentos espaciais, agroindustrial, biotecnológico, engenharia mecânica e tecnologia ambiental.
“A Universidade de Liege, com a qual a UFG e UNB têm parcerias, é referência em pesquisas aplicadas. A instituição participou e viabilizou de todos os grandes projetos de desenvolvimento da região da Valônia. Viabilizou, não só o cluster de logística, mas também várias outros de saúde, aeroespacial e química. Elaborou planos muito bem desenvolvidos e isso faz com que a implementação fosse a muito rápida”, diz Yaeko. Para a especialista, Aparecida tem características similares à Valônia. “Tem essa vocação de cluster logístico. A ideia é aproveitar esse conhecimento acadêmico para fazer isso de uma forma mais rápida, juntar Aparecida e Anápolis em termos de negócios logísticos”, afirma.
Goiânia, Aparecida e Anápolis estão a 2 mil quilômetros de capitais e centros consumidores como Belém do Pará – ao Norte, Porto Alegre, no Rio Grande do Sul – ao Sul, e Porto Velho, em Rondônia – a Oeste do País. A infraestrutura ferroviária da Norte-Sul, com um total de 1.537 quilômetros, é considerada a espinha dorsal de transporte de carga no Brasil e irá entrar operação em 2021.
“A ideia é juntar Aparecida e Anápolis em termos de negócios. O mundo todo está com olhos voltados para o Brasil, porque sabe que o País será o grande celeiro do mundo, pois, em termos de infraestrutura, os países desenvolvidos não têm mais para onde progredirem. Ninguém precisa se preocupar com o dinheiro, pois se você tiver um bom projeto, ele vem”, ressalta a professora da UNB.
Polo Aeronáutico
Serão iniciadas no primeiro semestre de 2020 as obras do Antares Polo Aeronáutico, em área de 209 hectares, com aeroporto executivo com pista de pouso e decolagem de 1,8 mil metros, terminal de embarque e desembarque, posto para abastecimento, pista de acesso aos hangares (taxiway), Fixed Base Operator (FBO) completo para assistência aos proprietários de aeronaves, estacionamento para visitantes e área destinada para helicentro e hotel.
Haverá ainda área de 654 mil m² para hangares de aviação executiva, de manutenção de aviões, escolas de aviação, empresas de compra e venda de aeronaves, peças e fornecedores em geral. O empreendimento, que será construído ao lado do campus da UFG e do condomínio empresarial All Park, é do grupo formado pela Tropical Urbanismo e Incorporação, Innovar Urbanismo/Aeroar e CMC/BCI.
Segundo o diretor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UFG, Júlio Cesar Valandro, o projeto de se criar um cluster logístico de Aparecida se assemelham a experiência de Valônia , no sul da Bélgica, não apenas referente à localização estratégica, mas também quanto à questão da inovação. “É aí que entre a parceria entre a universidade e empresas para que se faça a inovação aplicada. Seguramente, essa é uma relação de sinergia, de ganhos bilaterais”, frisa.