Convicto de que os postos de trabalho na indústria goiana podem “diminuir consideravelmente” em função da mudança patrocinada pelo governo do Estado em sua política de incentivos fiscais, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, afirma que aqueles profissionais que tiverem sido qualificados em cursos promovidos pelo Sesi […]
Convicto de que os postos de trabalho na indústria goiana podem “diminuir consideravelmente” em função da mudança patrocinada pelo governo do Estado em sua política de incentivos fiscais, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, afirma que aqueles profissionais que tiverem sido qualificados em cursos promovidos pelo Sesi e pelo Senai terão êxito quando concorrerem a uma vaga de emprego – ainda que a perspectiva, diz ele, seja de demissões a longo prazo por eventual queda na produção das empresas beneficiadas por incentivos.
As declarações do presidente da Fieg sobre a possível prorrogação do Protege, que aumentou a carga tributária sobre as indústrias incentivadas em Goiás, e o novo programa de incentivos fiscais do governo do Estado, o ProGoiás, não se restringiram à análise do possível fechamento de postos de trabalho no setor industrial. “Nós estamos de luto. Este governo vai colher desemprego e desindustrialização. E não será imediatamente agora, mas ao longo dos próximos três, quatro anos. Desde que começou esta ‘perseguição’ aos incentivos, qual indústria instalou-se em Goiás este ano?”, questionou.
Mabel também voltou a afirmar que os empresários foram e são “humilhados” pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a concessão de incentivos fiscais na Assembleia Legislativa. “Todas as ações que ali ocorrem são fomentadas pelo próprio governo”, acusou. “A situação é muito preocupante. O governo do Estado não está feliz com a ‘galinha de ovos de ouro’ (em alusão às indústrias instaladas em Goiás) que gera empregos e renda. Ele resolveu ‘comer’ a galinha”, comparou.
“A nossa estratégia (em relação aos incentivos fiscais) é qualificar o trabalhador cada vez mais e colocar os ‘melhores dos melhores’ no mercado. É garantir aos nossos alunos um diferencial em relação aos demais, elevando sua escolaridade e também a competitividade do parque industrial em Goiás”, disse Mabel nesta sexta-feira (13), em balanço sobre as atividades do Sesi e do Senai em 2019. “Cerca de 85% deles, em média, já saem da sala de aula empregados”, acrescentou.
Mapa do Trabalho
Diante da meta estabelecida pelo Mapa do Trabalho Industrial elaborado pelo Senai de qualificar, até 2023, um total de 323 mil trabalhadores em Goiás, o Sesi e o Senai – braço do setor industrial responsável por educação básica e profissional – contabilizaram 132 mil matrículas este ano – deste total, 12 mil são do ensino fundamental, médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA). “E sem nenhum centavo de recurso do governo estadual. Quem paga por isso são os próprios empresários”, alfinetou o presidente da Fieg.
Neste ano, 2.028 trabalhadores concluíram cursos de 400 horas. Os formandos são de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Catalão, Itumbiara, Rio Verde, Niquelândia, Crixás e Minaçu, polos econômicos que integram a rede de ensino Sesi e Senai. O Mapa do Trabalho, um dos balizadores das ações do Sesi e do Senai em Goiás, tem como prioridades ampliar as oportunidades de formação profissional e superar riscos previstos por especialistas de um possível “apagão” de mão de obra diante da esperada retomada da economia.
“Temos tido muitas demandas de qualificação de trabalhadores para mineradoras”, exemplifica o presidente da Fieg. “Dobraremos a meta do Mapa: até 2023 chegaremos a 600 mil profissionais qualificados no estado. Para 2020, por exemplo, a expectativa é de termos 150 mil novas matrículas”, prevê Mabel, que deu mais ênfase a estes números ao lembrar que o País tem hoje cerca de 12,4 milhões de desempregados.
O superintendente do Sesi e diretor regional do Senai, Paulo Vargas, lembrou que as instituições do Sistema Fieg marcaram presença este ano em 92 municípios goianos, onde atenderam cerca de nove mil empresas – a maioria (83%, ou 7.470) do setor industrial. Segundo Mabel, a “sintonia” com as indústrias é imprescindível para o sucesso dos cursos. “Quais serão as principais demandas delas daqui a cinco anos? O que podemos ensinar agora aos nossos alunos para que eles utilizem este conhecimento lá na frente? Esse é o norte: prepará-los para o futuro, para as funções que a indústria requer”, diz.