Depois de um ano de negociações, a startup goiana de big data analytics Resultys, focada em coleta e formação de bancos de dados públicos, foi vendida para a Exact Sales, de Florianópolis (SC), que há dois meses recebeu aporte de R$ 15 milhões do fundo Astella Investimentos. “Estamos comprando a tecnologia da empresa para deixar […]
Depois de um ano de negociações, a startup goiana de big data analytics Resultys, focada em coleta e formação de bancos de dados públicos, foi vendida para a Exact Sales, de Florianópolis (SC), que há dois meses recebeu aporte de R$ 15 milhões do fundo Astella Investimentos. “Estamos comprando a tecnologia da empresa para deixar nossos robôs de pesquisa mais assertivos”, afirma o presidente executivo da empresa catarinense, Theo Orosco. “Para nós, essa aquisição demonstra que nosso ecossistema está amadurecendo e o mercado da inovação já enxerga Goiás com outros olhos”, diz Ivan Gonçalves, criador da Resultys juntamente com seu sócio, Diego Roberto Rodrigues.
Criada em novembro de 2016, a Resultys é especializada em um software que ajuda vendedores a prospectar novos clientes (você pode reler nossa matéria sobre a criação da startup aqui). Sua base de dados reúne informações de 20 milhões de empresas no Brasil. Nela, é possível encontrar dados como CNPJ, setor de atuação, número de funcionários, estimativa de faturamento, entre muitos outros dados usados nas atividades de prospecção e qualificação de clientes potenciais. Criada em setembro de 2016, não levou muito tempo para que a ideia recebesse incentivos. Em 2017, recebeu investimentos da ACE Centro-Oeste, maior aceleradora da América Latina, e cresceu.
A união entre a empresa catarinense e a startup goiana começou com um e-mail, no qual Ivan e Diego falaram ao CEO da Exact da sinergia entre as duas, no início da Resultys. “A Exact se destacava no segmento de vendas e nós enxergávamos que poderíamos ser bem sucedidos juntos. A plataforma deles não oferecia a compra de cadastros de potenciais clientes, que era exatamente o que a gente oferecia com nossa startup”, relembra o empresário.
Primeiramente, a Exact Sales se tornou cliente da Resultys para testar o programa. No entanto, começaram a ver que era mais interessante comprá-la, devido a grande demanda. De acordo com o sócio da Sirius Venture Capital e da ACE Centro-Oeste, Cidinaldo Boschini, o exit da Resultys para a Exact Sales é um marco para o ecossistema de Goiás. “Tenho certeza que servirá de inspiração para outros empreendedores trilharem o mesmo caminho”, afirma.
A perspectiva é de consolidação e crescimento do mercado de startups em Goiás, segundo o administrador especialista em venture capital e startups, Marcos Bernardo Campos, também co-founder do Gyntec. “Tanto os empreendedores quanto os investidores, estão de olho nas startups, e o otimismo para esse mercado em 2020 é comprovado também pelos números já alcançados”, diz.
Segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups) de 2015 à 2019, o número de startups passou de 4.151 para 12.728, um aumento de 207%. Goiás é o segundo estado com maior número de startups no Centro-Oeste, com 21,1% do total, segundo mapeamento da ABStartups – fica atrás somente do Distrito Federal. Já Florianópolis concentra o maior percentual de startups do Brasil, levando em conta o número de habitantes, segundo cruzamento de dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para Ivan Gonçalves, o ecossistema goiano de startups tem grande potencial, mas pode melhorar ainda mais na medida em que houver maior interação entre governo, instituições e as próprias startups. “Passamos alguns anos dispersos, cada um promovia suas iniciativas de forma isolada”, avalia. Para quem quer entrar nesse ecossistema, Ivan aconselha a analisar a ir além de desenvolver o negócio em si, mas pensar sobre a estrutura societária, as competências necessárias para cada sócio, se realmente precisa de um investidor e, principalmente, entender sobre as questões jurídicas.
“A gente sofreu um pouco porque não tínhamos esses conhecimentos e até tivemos alguns problemas. É preciso entender muito bem desse mundo de startups, inclusive juridicamente”, reforça o empresário. Ele e o sócio começaram a empreender juntos ainda na faculdade de redes de computadores, em Goiânia, em 2007. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) acabou resultando na criação da empresa, a Geoinova, primeiro negócio da dupla com foco mapeamento por imagens de satélite e drones, além de big data, em 2010.