Casal de 77 anos começa produzir chips por conta do excedente de mandioca em sua propriedade. A ideia deu tão certo que a família vai construir uma fábrica em Morrinhos.
Tudo começou quando Dalberto Cândido, de 77 anos. Um agricultor familiar da cidade de Morrinhos (GO), estava com excedente de produção de mandioca e teve dificuldade em encontrar compradores. Era a safra de 2017. Inegavelmente curioso, ele começou a pesquisar sobre como processar a mandioca. E, com a colaboração da mulher, Zilma Vieira, também de 77 anos, produziu chips crocantes, que começaram a ser oferecidos a amigos em festas, como folias de reis. A aprovação dos produtos surpreendeu o casal. Assim como o filho, Denilson Cândido, que se tornou sócio de um negócio em expansão.
“Com pesquisa, fomos melhorando os processos. Foram três anos de validação e pesquisa, até entrarmos no mercado”, contou Denilson ao EMPREENDER EM GOIÁS. Isso ocorreu durante a pandemia de Covid-19. A fábrica da Mandioca Mundi foi instalada na propriedade, de 12 alqueires, onde há atualmente cerca de 200 toneladas de mandioca plantadas. A produção mensal média é de 4 toneladas de chips por mês. “É um volume enorme, porque os chips são leves”, diverte-se Denilson.
Como resultado, o número de postos de venda evoluiu de aproximadamente 200, durante a pandemia, para 800 em Goiânia, Anápolis, Morrinhos, Pontalina, Pires do Rio e Caldas Novas. Com expansão para o Mato Grosso e o Norte de Goiás.
“Queremos desenvolver a marca em Goiás e no Centro-Oeste. Mas tempos planos de chegar a outros Estados, principalmente na Região Nordeste, onde a mandioca é uma das principais fontes de alimento e faz parte da cultura gastronômica. Ela foi e continua sendo um item de subsistência familiar”, diz Denilson.
Aliás, essa identidade é muito cara para a família Cândido. Só para ilustrar, na embalagem da Mandioca Mundi, no rodapé, lê-se “Agricultura familiar – indústria brasileira”. Assim como os 17 objetivos da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável. Além da frase “Cuide do planeta”.
Com a aceitação do mercado conquistada em nos pontos de venda (inclusive muitas lojas especializadas em produtos naturais e dietéticos) e em feiras Brasil afora, a família já foi procurada por empresas de grande porte de São Paulo e Paraná. Elas sondaram sobre a capacidade de ampliar a produção da fábrica.
“Vamos crescer organicamente. Muita gente quer colocar dinheiro no negócio para acelerar. Contudo, a gente prefere crescer dessa forma, para dar tempo do produto amadurecer. E a gente também amadurecer. Somos a única indústria de mandioca chips de Goiás (por enquanto, desde 2017)”, diz o empresário. Ele voltou a viver na propriedade com os pais, que participam ativamente do processo de produção.
No entanto, a ampliação é inevitável. Denilson conta que eles pensam em mudar a fábrica para a cidade, até por dispor de mais facilidade de mão de obra. Contudo, a produção será mantida na fazenda. O investimento foi estimado em R$ 1,5 milhão. “Há pessoas interessadas em investir, mas vamos com cautela”, frisa.
O cardápio também deverá ser ampliado. Com formação em Engenharia Elétrica e foco em computação, mas tendo passagem também pela música sertaneja e pela publicidade, Denilson contou que, diante de muitos pedidos, a família plantou também batata-doce para produzir chips a partir do início de 2023. Os produtos são orgânicos, sem adição de corantes ou conservantes, e fritos em óleo de palma. “São muito saudáveis”, garante.
Esse é o motivo pelo qual a família não abre mão de produzir a mandioca e, agora, a batata-doce usadas na produção. Denilson conta que muitos perguntam se é possível fazer os chips com qualquer tipo de mandioca. Mas eles preferem manter o controle da produção, que é orgânica. “É uma opção nossa, para mantermos o controle de qualidade, a variedade correta. Não adianta comprar de terceiros se não é possível garantir que o produto terá a textura ideal”, explica.
Muito interessante, o brasileiro é empreendedor sempre…