quarta-feira, 1 de maio de 2024
Onda das demissões voluntárias também chega a Goiás

Onda das demissões voluntárias também chega a Goiás

Busca de qualidade de vida, novos hábitos, mercado aquecido e menos apego à estabilidade estão por trás de um novo fenômeno.

13 de março de 2023

Helena Ribeiro: De 30% a 35% dos desligamentos têm acontecido a pedido do trabalhador

Busca de qualidade de vida, novos hábitos pós-pandemia, mercado aquecido para profissionais bem qualificados e menos apego à estabilidade estão por trás de um fenômeno: o desligamento voluntário. Dados recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), compilados pela LCA Consultores, mostram que 6,8 milhões de pessoas pediram demissão de forma voluntária em 2022. Com efeito, o número corresponde a um terço do total de rompimentos de vínculo de trabalho no ano.

O fenômeno não é isolado, acontece em outros países. Do mesmo modo, é observado em Goiás por consultores de RH, que corroboram a situação. “Os dados estão corretos. Têm ocorrido muitos pedidos de demissão, na pós-pandemia, de 30% a 35% dos desligamentos têm acontecido a pedido do trabalhador, embora tenhamos mais de 8 milhões de desempregados”, avalia Helena Ribeiro, sócia-fundadora do Grupo empZ, especializado em terceirização de serviços de RH.

“Percebo no âmbito local também esse fenômeno”, relata a diretora da Apoio Negócios e Sprint Mentoria de Carreira, Dilze Percílio. Para ela, há insatisfação dos profissionais, primeiro com o formato de vínculo tradicional, com atividades que não têm a ver com o propósito de vida, de carreira. Nesse sentido, ela verifica uma segmentação entre profissionais mais qualificados, que estão em áreas mais aquecidas, e os que possuem muita qualificação. Mas estão igualmente insatisfeitos com a relação entre a remuneração e o esforço.

´Grande renúncia’

Quando falou ao EMPREENDER EM GOIÁS (EG), Helena Ribeiro estava em Miami (EUA), participando do Executive Forum Staffing, abordando como as novas gerações estão lidando com a relação de emprego. “Aqui nos Estados Unidos, estão chamando de ‘a grande renúncia’, de gente pedindo contas e saindo do trabalho”, relata. “São pessoas em busca de maior qualidade de vida, tem a ver também com a pandemia, que deu mais flexibilidade para trabalhar em home Office”, analisa.

Como as empresas podem lidar com isso? Adaptando-se, orientam as especialistas. Para os profissionais com altas habilidades, Dilze Percílio orienta que devem se preocupar não só com a remuneração, que tem de estar acima da média do mercado, mas também cuidar do clima da organização. “Hoje, 80% dos profissionais mais qualificados saem da empresa não por conta da empresa e de salário, mas pela liderança”, observa. Assim, é preciso desenvolver lideranças.

Já para os cargos operacionais, o caminho é principalmente o reajuste salarial, porque empresas estão concorrendo com o mercado informal. Na informalidade, muitas vezes há a possibilidade de ele ganhar mais prestando serviços. “Um exemplo disso é empregada doméstica. Como diarista, em oito dias de trabalho, ela ganha mais do que ganharia em um mês como empregada”, compara Dilze.

Helena acrescenta que trabalhadores da área operacional, especialmente do setor de bares e restaurantes e hotelaria, não querem mais trabalhar de carteira assinada. “Eles têm preferido fazer algumas diárias a ir para o mercado de trabalho formal”.

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