sábado, 27 de abril de 2024
Santa Marta: especialista diz que recuperação será difícil

Santa Marta: especialista diz que recuperação será difícil

Especialista diz que Santa Marta não teria patrimônio para honrar compromissos; empresa afirma que recuperação depende dos credores.

25 de março de 2023

A nova recuperação judicial da Drogaria Santa Marta, rede com farmácias em Goiás e no Distrito Federal, dificilmente irá se concretizar. Segundo Filipe Denki, advogado e sócio do Lara Martins Advogados, especializado em reestruturação de empresas. Principal motivo: a empresa não teria patrimônios relacionados no seu pedido encaminhado à Justiça.

O pedido de recuperação judicial foi impetrado pela empresa em 15 de março, na Justiça de Aparecida de Goiânia (GO). A rede fechou 18 lojas e demitiu 350 funcionários. E justificou a solicitação em razão da crise enfrentada durante e após a pandemia da Covid-19.

De acordo com o especialista, um eventual sucesso dependerá de apoio maciço dos credores. Destacadamente das indústrias farmacêuticas, que podem fazer grandes aportes para auxiliar a Santa Marta. “Se você olhar na relação de documentos, não existem mais patrimónios relacionados à Santa Marta que possam ser dadas como garantia (na recuperação judicial)”, afirma.

“Lógico, tudo isso deve estar em holdings. Sem auxílio dos credores, é pouco provável que a empresa consiga se recuperar”, frisa Denki. Ele considera ainda que a má gestão foi um dos principais motivos para gerar essa nova solicitação de recuperação judicial da Santa Marta. “Todos nós sabemos que farmácia é serviço essencial, então foi um setor beneficiado. Isso não é desculpa. Como vai justificar no mercado que foi má gestão? E de fato foi isso”, diz.

Apoio dos credores

O advogado da rede Santa Marta, Sérgio Crispim, responsável pelo pedido de recuperação judicial, ressalta que o fato de a empresa ter ou não patrimônio não implica insucesso da medida judicial. “Existem vários meios previstos na Lei de Recuperação Judicial que podem ser viabilizarmos pela empresa”, diz.

Crispim pondera ainda que toda recuperação judicial depende do apoio dos credores. “São eles que efetivamente decidem se o plano (de recuperação judicial) será ou não aprovado e executado. O processo em si é uma via de mão dupla, com concessões, negociações de lado a lado”, justifica. “Os credores vão ter de se reunir em torno de uma proposta viável, que será apresentada pela empresa dentro do prazo que a lei prevê e, com isso, viabilizar a recuperação”, define Crispim.

Com quase 50 anos de existência, a Drogaria Santa Marta manteve 45 lojas em funcionamento em Goiás e Distrito Federal. Além disso, 540 colaboradores continuam na empresa. A rede informou que já elaborou todo o plano de operação. Nos próximos 90 dias, concluirá todo processo de reestruturação.

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