sábado, 27 de abril de 2024
Fieg: economista avalia início do governo Lula

Fieg: economista avalia início do governo Lula

O economista Renato da Fonseca diz que o maior desafio será fazer o Brasil crescer 2% ao ano. Há muitas incertezas, frisa.

27 de abril de 2023

A maior dificuldade é reverter a desindustrialização no Brasil, afirmou o economista.

Os primeiros 100 dias do governo Lula (PT) foram de muitas incertezas políticas e econômicas para o País. A avaliação é do economista Renato da Fonseca, PhD pela Universidade da Califórnia de Berkeley, em encontro com industriais goianos nesta quarta-feira (26/4) na sede da Fieg, em Goiânia. O evento foi promovido pelo Conselho Temático de Assuntos Tributários (Conat) da entidade.

Para Fonseca, o primeiro trimestre do ano foi marcado por incertezas políticas. Principalmente pela coalização política heterogênea e falta de uma base de apoio sólida no Congresso. Além de econômicas, com pressão para aumento dos gastos e riscos de retrocessos de avanços conquistados em governos anteriores. Entretanto, disse que o governo Lula conseguiu protagonismo na área social e ambiental.

“O maior desafio será fazer o País voltar a crescer mais de 2% ao ano. E a maior dificuldade deve-se à desindustrialização, pois a indústria possui maior poder de puxar o restante da economia”, afirmou o economista. Ele ressaltou que, nos últimos 15 anos, a indústria brasileira encolheu uma média de 1,3% ao ano. Enquanto o agro acumulou crescimento médio superior a 2% ao ano no mesmo período.

“A indústria de transformação brasileira está perdendo espaço tanto no PIB nacional, como na produção mundial e a pauta de exportação do Brasil está se ‘primarizando’ ou ‘commoditizando'”, afirmou. Ele enfatizou sobre a necessidade do atual governo de aumentar a confiança do empresário, estimulando investimentos.

Educação e perspectivas

Renato da Fonseca também chamou atenção para a decisão do governo de suspender o cronograma de implementação da reforma do ensino médio. Ela amplia a carga horária e obriga a inclusão na grade curricular de percursos optativos, buscando a formação técnica dos estudantes. Para ele, a decisão impacta diretamente a política de profissionalização de jovens à luz de indicadores que mostram que cerca de 80% dos egressos do ensino médio não dão continuidade aos estudos em universidades.

Dentre as perspectivas para 2023 e os próximos anos do governo Lula, Renato da Fonseca apontou como essenciais a aprovação de uma reforma tributária que resgate a competitividade do Brasil e de uma política de controle fiscal adequada. Além da instituição de uma política industrial com foco em resultado, prioridade no orçamento para investimentos em infraestrutura, aprovação do acordo Mercosul-União Europeia e a confirmação da entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Além disso, evitar retrocessos, sobretudo nas áreas trabalhistas e de infraestrutura.

Para o presidente do Conat, o empresário Eduardo Zuppani, os 100 dias do governo Lula sinaliza à sociedade deve seguir nos próximos quatro anos. “São perspectivas importantes ao setor empresarial. Para a indústria crescer de fato no Brasil, temos um grande caminho pela frente. Precisamos reverter o atual quadro de desindustrialização e retomar o crescimento. Hoje, infelizmente empresas estão saindo do Brasil e investindo em outros países, devido à falta de competitividade de nossa economia”, frisou.

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