Setor produtivo de Goiás destaca aumento de 27% nos recursos disponibilizados, mas pede juros e custos menores.
Líderes de entidades que representam o setor produtivo em Goiás apontam avanços no Plano Safra 2023/2024, lançado nesta terça-feira (27/6) pelo presidente Lula. Entre eles, o volume disponibilizado em financiamentos, de R$ 354,2 bilhões, 27% maior do que o programa do ciclo anterior. Conforme o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), os recursos são para apoiar a produção agropecuária nacional de médios e grandes produtores rurais até junho de 2024.
“Entendemos que o Plano Safra atendeu às expectativas da Faeg e do Senar em relação ao montante de recursos”, avalia o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Leonardo Machado. Por exemplo, ele cita as taxas de juros para custeio e comercialização, de 8% ao ano para os produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e de 12% para os demais produtores. “Acreditamos que é o que foi possível, mas esperávamos taxas menores”, frisa.
Presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira tem opinião semelhante sobre os juros. “Os juros continuam elevados, notadamente os pré-fixados. Apesar da expectativa de diminuição da taxa Selic, prevista para a partir de agosto”, avalia o representante das cooperativas. Já para as linhas do Pronaf e Pronamp, ele considera que são taxas mais razoáveis.
Mas para o presidente do Sistema OCB/GO, o novo Plano Safra ainda é insuficiente. “É um avanço, mas não atende à totalidade da demanda do agronegócio brasileiro. O setor precisa de praticamente o dobro (de recursos)”, argumenta. Ele defende que a diferença de crédito para o setor deve ser atendida por instrumentos do mercado financeiro, como LCAs, CRAs, FIDCs, entre outros.
Leonardo Machado chama a atenção para uma linha de financiamento, o RenovAgro, novo nome do Programa ABC. Por meio dele, será possível financiar práticas sustentáveis, como a recuperação de áreas e de pastagens degradadas. “Temos uma demanda importante para esse programa, com a intenção inclusive de fazer com que algumas dessas áreas sejam disponibilizadas para a agricultura”, justifica Machado. A taxa de juros do RenovAgro será a menor da agricultura empresarial, de 7% ao ano.
Apesar das dificuldades, Luís Alberto destaca que Goiás é um dos maiores produtores agrícolas do País e deve aumentar a sua produção de grãos na safra 2022/2023, chegando a 31,5 milhões de toneladas. “Isso significará um crescimento de 9,1% na safra com expectativa de colheita de 16,8 milhões de toneladas de soja e 12,8 milhões de toneladas de milho”, contabiliza.
“Apesar dos enormes desafios, o agronegócio continua crescendo e sendo um dos principais motores da nossa economia. Além disto, tem aumentado os investimentos e geração de empregos. Se tiver mais estímulos e custos menores, poderá contribuir ainda mais para o desenvolvimento econômico de Goiás e do Brasil”, avalia o presidente do Sistema OCB/GO.