quarta-feira, 1 de maio de 2024
O cooperativismo furou a bolha

O cooperativismo furou a bolha

O crescimento das cooperativas goianas é praticamente o dobro da média nacional, cujo índice de 25% já foi considerado histórico.

24 de agosto de 2023

Os números falam por si. As cooperativas goianas alcançaram em 2022 um faturamento de R$ 30,9 bilhões, o que representa um salto de 47% na comparação com o ano anterior. Os dados são do Anuário do Cooperativismo 2023, da OCB Nacional. Nenhum setor econômico ou segmento conseguiu nos últimos anos a tração que o cooperativismo alcançou em Goiás.

O crescimento das cooperativas goianas é praticamente o dobro da média nacional, cujo índice de 25% já foi considerado histórico. Avançamos da 6ª para a 4ª posição no ranking nacional do setor. Para fazer mais um exercício de comparação, no mesmo período, a economia goiana cresceu 6,6%, mais que o dobro da média nacional, que foi de 2,9%. Ou seja, as nossas cooperativas alcançaram um patamar de crescimento sete vezes acima da economia goiana e 16 vezes superior à do país.

Há mais de uma década o cooperativismo goiano tem crescido, de forma consistente, na casa dos dois dígitos, mas o salto que vivenciamos ano passado atesta que furamos a bolha e assumimos posição de protagonismo no processo de desenvolvimento regional.

Da origem modesta, quando surgiram no início do século passado os arranjos de produtores locais para baratear a compra de insumos ou facilitar o escoamento da produção, as cooperativas se transformaram em potências econômicas regionais, que geram, na cidade e no campo, 15,7 mil empregos diretos e reúnem 464,2 mil cooperados.

Mas não tem acaso nestes resultados. Eles só foram possível graças, principalmente, à profissionalização das cooperativas e dos elevados investimentos do setor em qualificação e inovação, apostando sempre em tecnologia e nas melhores práticas de gestão. A intercooperação entre os players do segmento proporcionou um ciclo virtuoso que potencializou os ganhos.

O momento também é propício. O mundo dos negócios evoluiu nos últimos anos para uma visão mais sustentável da economia e de cobrança pela responsabilidade social das marcas, práticas hoje agrupadas na sigla ESG. São conceitos que fazem parte do DNA do cooperativismo e sempre estiveram presentes no dia a dia do setor.

Isto garantiu ainda mais competitividade para as cooperativas, que não precisaram passar pelo processo de adaptação desta nova forma de enxergar as relações produtivas e de consumo. Resumindo o cenário, numa livre adaptação da sabedoria popular: chegamos aqui quando era tudo mato e agora bebemos água limpa.

Mas temos vários desafios pela frente. É importante avançarmos na nossa base tecnológica, seja nas cooperativas de crédito, agro ou de serviços, para assegurar competitividade. E para isto é necessário investir ainda mais em qualificação, levando os times envolvidos a um novo patamar de especialização. E também não podemos permitir que esse patamar que alcançamos desvie nossa atenção do principal objetivo do cooperativismo, que é unir desenvolvimento econômico e social, com produtividade e sustentabilidade.

Luís Alberto Pereira é presidente do Sistema OCB/GO

Luís Alberto Pereira é presidente do Sistema OCB/GO

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