Especialista em câmbio afirma que o dólar deve permanecer na casa dos R$ 5,00 até o final deste ano e início de 2024. Confira a entrevista.
A atual valorização da moeda brasileira deve permanecer por mais tempo, segundo a avaliação de especialista em câmbio, Carlos Alberto Rodrigues Junior. Ele é gerente de câmbio na WIT Exchange. Na sua opinião, dois motivos principais devem influenciar essa tendência. Primeiro, a desvalorização do dólar, por conta da inflação e dos juros nos Estados Unidos. Segundo, a inflação e risco fiscal no Brasil. O especialista afirma que o dólar deve permanecer na casa dos R$ 5,00 até o final deste ano e início de 2024. Confira a entrevista:
O mês começou com uma forte desvalorização do dólar frente ao real e outras moedas emergentes. Principalmente com a divulgação dos dados da inflação nos EUA que veio abaixo do esperado, trazendo maior expectativa para uma queda nos juros por lá. O aumento no preço de algumas commodities também ajudou a valorizar ainda mais o real frente a outras moedas. Desta forma, segue abaixo dos R$ 5,00 em relação ao dólar. Taxa essa que chegou nos R$ 5,16 em outubro.
Tivemos muita volatilidade nestas últimas semanas. Mesmo com a sequência de feriados locais e internacionais, que geralmente reduzem a liquidez, ainda sim o mercado de câmbio oscilou bastante. Até o momento, o real teve uma variação em torno de 3,5% em relação ao dólar e de 2,5% ao euro dentro do mês.
O real está com uma valorização frente outras moedas, como dólar e euro, em comparação com o mês anterior. Muito em função da expectativa de fim do aumento dos juros nos EUA com uma atividade econômica “controlada”. E, mesmo tendo queda nos juros por aqui, o que diminui o retorno para os investidores que aqui investem, ainda conseguimos nos manter atrativos frente outros países emergentes.
A última ata divulgada pelo Fed, apesar do tom cauteloso, não gerou grande impacto nas expectativas do mercado sobre os juros. Os membros do Fed sinalizaram que só subirão novamente os juros, caso os dados de inflação e atividade econômica venham fora do esperado. Dessa forma, com um cenário mais possível de queda de juros nos EUA, os investidores abrem espaço para investir em outros países que possam trazer um retorno maior apesar de serem considerados de maior risco.
O início da guerra entre Israel e Hamas, que começou no dia 7 de outubro, trouxe grande preocupação e incertezas em todo o mundo. Principalmente pelo potencial de causar efeitos negativos nas cotações de petróleo, uma commodity que impacta fortemente o Brasil pela grande influência nos preços dos combustíveis e de fertilizantes. Hoje, com quase dois meses desse conflito, notamos que essa preocupação diminuiu. O mercado acompanha atentamente os desdobramentos, mas segue sem maiores impactos causados pela guerra.
O último Boletim Focus divulgado na última quarta-feira pelo Banco Central, trouxe uma projeção de manutenção do dólar na faixa dos 5,00. Analisando os últimos meses e tirando o pico de alta do dólar que tivemos em outubro (acima dos R$ 5,15), o mercado vem, desde agosto, se mantendo em uma faixa de R$ 4,80 a R$ 5,00. Levando em consideração os principais fatores que vêm influenciando o mercado de câmbio, como os juros nos EUA, inflação, risco fiscal no Brasil, se não tivermos nenhuma surpresa muito fora da curva, apesar das oscilações e volatilidade do mercado, a expectativa é de se manter nesse patamar entre R$ 4,90 e R$ 5,00.