Secretário da Retomada explica em entrevista exclusiva como o governo prevê manter a economia de Goiás em crescimento acima da média nacional.
A Secretaria de Estado da Retomada foi criada em agosto de 2020, poucos meses após a decretação da situação de calamidade pública provocada pela pandemia de Covid-19. Com o objetivo de recuperar a economia do estado, profundamente prejudicada pelo isolamento social, após a emergência sanitária.
Titular da secretaria, o economista Cesar Moura avalia em entrevista exclusiva ao EMPREENDER EM GOIÁS que a pasta cumpriu e cumpre a sua missão institucional, em parceria com o setor produtivo e a academia.
É uma parceria benéfica para empresários e trabalhadores. Os primeiros porque precisam de mão de obra qualificada, um dos principais gargalos para a manutenção e a expansão de todos os tipos de negócios no estado. Os segundos porque podem se inserir no mercado de trabalho formal, gerando renda para suas famílias.
Cesar Moura destaca o convênio com a Universidade Federal de Goiás (UFG), que passou a atuar nos Colégios Tecnológicos (Cotecs), aproximando os cursos da demanda real do mercado. E ainda como essa capacitação está contribuindo para libertar mulheres goianas de situações de violência doméstica, levando-as a empreender e conquistar liberdade financeira.
Qualificação profissional, olhar de frente o problema e uma coisa que o governador Ronaldo Caiado fez em 2020: colocamos o antigo Sine junto com o colégio tecnológico para fazer a qualificação profissional. Então, os cursos saem de acordo com a demanda do mercado de trabalho. É uma ação direta, focada em cursos rápidos para ingressar no mercado. E que essa vaga fique aqui, com o trabalhador goiano. Outra frente é criar uma plataforma, como fizemos recentemente, do Mais Emprego, para as empresas colocarem suas vagas, ficar mais próximo do trabalhador. Temos hoje um feirão de emprego no celular do trabalhador. E as empresas têm um canal para buscar o trabalhador e movimentar a economia. Em Anápolis temos empresas com a planta industrial parada. Isso representa custo, juro e não está gerando renda para a empresa dele e para o estado.
Na Secretaria da Retomada nosso foco é geração de emprego e de renda. Se a pessoa movimenta a renda para sua família, entra como um caso bem-sucedido. Lógico que ele tem de ingressar no mercado formal. Mas enquanto isso não acontece, já é interessante porque voltou a movimentar a economia do nosso Estado. Um dos objetivos da secretaria é fazer que essas pessoas paradas se movimentem economicamente. Isso tem de ser analisado para saber quanto tempo ficaram paradas, o grau de dificuldade para sair. Durante a pandemia, tentamos e não conseguimos ter um MEI específico para o setor de eventos. Temos 6 milhões de invisíveis. Não conseguíamos fazer uma política pública assertiva durante a pandemia porque eles eram invisíveis. Esse é o aspecto ruim da informalidade, porque não conseguimos enxergar. Por isso temos uma parceria com o Sebrae para ele se formalizarem.
Sim, continua e é muito interessante, porque hoje as empresas não contratam esses trabalhadores de eventos e fica essa informalidade em todo o país. Isso é prejudicial também para quem contrata e incorre em ilegalidade.
Depois da pandemia, precisamos criar e inovar com o crédito social para dar o recurso, movimentar a economia local”
Estamos preparando para o próximo ano um apoio para as micro e pequenas empresas ingressarem em feiras de indústria e comércio e agropecuárias no seu município. Queremos que elas tenham um espaço para ir para essas feiras e mostrar seu trabalho. É uma forma de dar um empurrão para essas pequenas empresas. Esperamos que o governador lance até fevereiro do próximo ano.
A ideia é investir bastante no Cotec (Colégio Tecnológico) de Economia Criativa, antes restrito às artes. Com isso, abre-se um pouco mais o espectro e queremos difundi-lo nos 246 municípios. O foco é movimentar essas pessoas pela arte, trazendo-as também para o foco de criatividade musical, de artes cênicas, plásticas, e também a parte de games, que é bem interessante. É uma porta aberta para trazermos essa pessoa trabalhar.
Para o cooperativismo os trabalhos só aumentam. Queremos investir mais no mercado da moda, cooperativas de mulheres vulneráveis, muitas vítimas de violência doméstica, que montaram suas cooperativas para trabalhar e gerar renda para suas famílias. Apoiamos as cooperativas de catadores, entramos no lixão, tiramos as famílias que moravam lá, deixamos com a cooperativa funcionando, legalizada, com equipamentos de EPI e para poder trabalhar o lixo. Agora, se conseguirmos colocar um caminhão para fazer a coleta seletiva, vamos gerar mais valor para esses cooperados, que eram catadores, moravam no lixão. O lixo vale muito dinheiro. Se organizado, com documentação, consegue-se aproveitar esse dinheiro.
Nós mudamos da água para o vinho. Saímos de 95% de evasão, nos antigos Itegos, para 12% apenas, nos Cotecs. A realidade mudou porque agora a pessoa vai ao Cotec e enxerga um curso por meio do qual ela pode empreender, ingressar no mercado de trabalho, há uma sinergia entre os cursos e o que está acontecendo no mundo. Nós tiramos a organização social, colocamos a Universidade Federal, trouxemos respeito, uma marca de peso, para ajudar. Um diploma com o nome da Universidade Federal, o currículo será visto de forma diferente pelo empregador. Arrumamos a documentação dos 17 Cotecs, todos estão aptos a oferecer cursos. Lançamos um curso de guia. Agora, por solicitação do governador, vamos lançar um de manutenção predial focada na preservação do patrimônio histórico, dar mais valor a esse ensino técnico que ficou esquecido por alguns anos.
Nós solicitamos à UFG para fazer um estudo, passamos por um crivo do Conselho Estadual de Educação, e pedimos aos professores que sejam cursos mais próximos do dia a dia das pessoas, que elas consigam colocar em prática. Queremos sempre esse foco, um pouco mais o pé no dia a dia do que no teórico.
Primeiramente, as pessoas são certificadas pelo Cotec. Se estão no CadÚnico 1, 2 ou 3, têm direito a um crédito social no qual podem montar seu negócio. Se não se encaixa, tem os R$ 5 mil da Goiás Fomento que ela pode pegar sem juro ou sem aval. Depois da pandemia, precisamos criar e inovar com o crédito social para dar o recurso, movimentar a economia local. Nós nos surpreendemos porque foi uma porta de saída pra muitas mulheres da violência doméstica, dando a elas a chance de empreender e conquistar sua independência.
As pesquisas são constantes, existe uma gerência desde o início da Secretaria da Retomada, para avaliação dos projetos. Sempre dou referência à nossa Caravana da Retomada, que foi uma demanda muito grande, fomos a mais de 80 municípios. Com esse tipo de informação e de avaliação se estamos nos conectando ou não com o setor produtivo para mudar a política pública ou ajustá-la, tem de ser constante. Se acharmos que fazemos uma ação agora e, no ano que vem, será a mesma, está errado. Temos de olhar o que mudou para cada vez ser mais assertivo. E essa sinergia com o Fórum Empresarial e o setor produtivo tem de ser diária.
Goiás conseguiu se tornar, pós-pandemia, uma economia maior e mais pujante do que antes”
Goiás conseguiu se tornar, pós-pandemia, uma economia maior e mais pujante do que antes. Os esforços do governador Ronaldo Caiado de sanear o estado, equilibrar as contas, melhorar a educação e a segurança pública, alavancaram mais investimentos para o nosso estado. Nos últimos anos, temos experimentado um crescimento maior do que de outras regiões.
Nossas perspectivas são de continuar crescendo. Temos muitas indústrias em instalação, esperamos uma redução dos juros e esperamos que esse crescimento aumente e que Goiás continue galgando. Somos destaque na geração de emprego, aumento do PIB.
Houve êxito, os números indicam. O número de pequenas empresas que perdemos foi menor do que em outros estados, a geração de emprego está diretamente ligada à quantidade de micro e pequenas empresas. Isso mostra que acertamos na política de proteger essas empresas, com renegociação de débitos, juros mais baratos, trazer para discussão os problemas. E para ocupar essas vagas estamos qualificando. Lembrando que Goiás passou mais de 20 anos sem investimento em qualificação de forma séria.