Empresas do mercado imobiliário vivem período de otimismo. Entenda os motivos nesta entrevista exclusiva com o presidente da Ademi-GO.
As empresas do mercado da construção civil da Grande Goiânia vivem momentos de otimismo. A capital está entre as três melhores cidades brasileiras para se fazer negócios imobiliários. A demanda por imóveis de médio e alto padrão está em alta. E existe um campo vasto para atuação na área da construção de moradias populares, para minimizar o déficit de mais de 30 mil moradias.
Outra notícia boa é a oferta de crédito para o setor imobiliário – tanto para os projetos como para a compra de unidades. A lei que criou o Plano Diretor da cidade foi regulamentada. Na Câmara de Goiânia tramitam projetos de lei para revitalizar o Centro da capital e o da Habitação de Interesse Social que impulsionarão o mercado da construção.
Com tudo isso, este ano, o setor espera movimentar mais de R$ 9 bilhões com o Valor Geral de Vendas (VGV) e ofertar ao mercado mais de 10 mil moradias.
Em entrevista exclusiva ao EMPREENDER EM GOIÁS (EG) o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Felipe Melazzo. Advogado, apresenta uma visão geral do setor da construção e incorporação. Em 2022, ele assumiu o cargo de superintendente executivo. No ano passado, com a mudança do estatuto, tornou-se presidente da associação.
As perspectivas para 2024 são muito boas. Temos motivos para acreditar na continuidade do crescimento do mercado imobiliário, alavancado pela queda da taxa de juros. A previsão é de crescimento em torno de 10% nos lançamentos de novas unidades. Já a valorização do metro quadrado vai ficar entre 10% e 20%. Até setembro do ano passado, último levantamento, o setor já tinha lançado quase 5.500 unidades. O número de lançamentos caiu 15%, porém, o Valor Geral de Vendas (VGV) cresceu 11% devido à valorização dos imóveis.
Temos muitos desafios. Mas, destacam-se dois: mão de obra qualificada e a aprovação das leis complementares, em especial a de Habitação de Interesse Social (HIS). Ela é uma importante ferramenta para o fomento da construção de unidades do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). O outro é a aprovação da lei de Requalificação do Centro de Goiânia. Estamos confiantes que os vereadores aprovarão as leis logo no retorno do recesso da câmara, com a sanção delas pelo prefeito Rogério Cruz, em seguida. Essas leis beneficiarão muito a questão da moradia social em Goiânia.
Em breve, teremos fechado o relatório da movimentação do mercado imobiliário. Porém, até o último trimestre de 2023 o VGV já tinha atingido a cifra de R$ 6,85 bi. A expectativa é que 2023 supere 2022, que teve um resultado de R$ 8,49 bilhões, e ultrapasse a R$ 9 bilhões, alavancado pelos lançamentos e vendas dos imóveis da MCMV e também dos empreendimentos de médio e de alto padrão.
“Este ano e nos próximos, temos certeza que continuaremos entre os três melhores mercados do País”
A pesquisa da CBIC mostra que, em 2023, Goiânia foi o terceiro melhor mercado para se fazer negócios imobiliários. Crescemos duas posições em relação a 2022 e desbancamos Belo Horizonte (MG). Este ano e nos próximos, temos certeza que continuaremos entre os três melhores mercados do País.
Temos na Grande Goiânia cerca de 120 canteiros de obra de empreendimentos verticais, com uma média de 30 pavimentos. Eles garantem a oferta de cerca de 6 mil unidades. A maioria de médio e alto padrão, com preços variando entre R$ 500 mil a R$ 15 milhões, como um apartamento de cobertura de um edifício localizado no Parque Vaca Brava.
Atualmente, as empresas do mercado imobiliário geram mais de 12 mil empregos diretos e a expectativa é de crescimento de em torno de 12% este ano. No momento, existem cerca de 4 mil vagas em aberto. Por isso, as empresas, em parceria com a Fieg/Senai, estão treinando a mão de obra nos próprios canteiros de obras para profissionalizar esses trabalhadores.
Nossa estimativa é que os preços dos imóveis valorizem até 20% este ano, seguindo a média registrada no ano passado. O que tem impulsionado os preços são os aumentos do preço dos insumos que compõem a cadeia produtiva; o novo plano diretor de Goiânia, dentre outros fatores.
O mercado para os imóveis de alto padrão continua aquecido. Em 2023, tivemos uma pequena queda nos lançamentos dessa tipologia, contudo, com a procura elevada, as vendas equipararam às unidades lançadas. Para 2024 a tendência é que esse cenário não se modifique, ainda mais com a queda da taxa de juros. Nesse segmento há muita demanda de compradores de perfis como profissionais liberais (médicos, dentistas), empresários e os agropecuaristas.
“O valor do metro quadrado já ultrapassou a barreira dos R$ 10 mil. Alguns já chegam a R$ 15 mil“
O valor do metro quadrado já ultrapassou a barreira dos R$ 10 mil. Alguns já chegam a R$ 15 mil, dependendo da localização do imóvel. Este valor pode crescer ainda mais impulsionado pelas altas dos preços dos insumos da cadeia produtiva da indústria da construção. E também devido a implementação do novo plano diretor de Goiânia.
O setor da construção vive, no momento, euforia com o novo programa MCMV. A expectativa é grande. Nesse segmento, há uma grande demanda. Apenas na Grande Goiânia, o déficit passa de 30 mil novas moradias. Com a aprovação pela Câmara Municipal e a entrada em vigor da lei da Habitação de Interesse Social, haverá parâmetros arquitetônicos, urbanísticos e isenções fiscais para as habitações de interesse social. Isso impulsionará o programa MCMV na capital. Nesse cenário, o número de unidades do programa que podem ser lançadas, no ano de 2024, deverá ser muitas vezes maior do que no ano de 2023. Nossa previsão é que, a persistir o atual clima entre as empresas, em cinco anos vamos zerar o déficit habitacional de moradias populares na Grande Goiânia.
A tendência é que os juros para o financiamento imobiliário caiam no ano de 2024, assim como a taxa Selic. Esse fator impacta positivamente o setor imobiliário, aumentando as vendas. Pois, esse é um dos pontos determinantes e um incentivo para que o mutuário tome a decisão de comprar um imóvel na planta, e, após, financiá-lo. Vale ressaltar que o momento é apropriado para a compra, pois quando o imóvel for entregue, as taxas de juros para o financiamento imobiliário estarão mais atrativas.
Não. O aumento da inadimplência foi proporcional ao aumento das novas aquisições, motivados também pelo período pandêmico, que ainda reflete na sociedade. Importante ressaltar que desde 2018 o setor possui regras próprias para tratar esse tema, o que trouxe maior previsibilidade para ambos os lados (vendedor e comprador).
As grandes cidades do planeta possuem esse movimento. Mas, isto traz, comprovadamente, maior comodidade para as pessoas.
Definitivamente não. As causas serão apontadas por meio de perícia técnica competente, que, certamente, serão diversas do adensamento. Importante ressaltar que, nesse caso citado, todos os cuidados para as correções do infortúnio, quer seja com os vizinhos, quer seja com o bem público, foram tomados pela empresa responsável, de forma ágil e precisa.