Depois de cumprir pena e não conseguir emprego, jovem goiano inicia negócio no ramo de pratas com apenas R$ 500.
A dificuldade em conseguir trabalho após passar um período preso motivou o goiano Murillo Carizzio, de 31 anos, a se tornar um empresário no ramo das pratas. Somente no ano passado, a El Patron Platas conseguiu um faturamento de quase R$ 4,5 milhões. A meta para este ano é chegar a R$ 6 milhões.
A marca oferece mais de 400 produtos por meio da internet e tem planos de se tornar uma rede de franquias. Murillo conta que, aos 21 anos, foi piloto de fuga em uma série de assaltos, o que o levou para trás das grades. Ainda na cadeia, prometeu a si mesmo que nunca mais voltaria para aquele lugar.
Ao cumprir a pena, buscou iniciar uma nova vida, atrás de emprego. Mas, por ter acabado de sair da cadeia, não conseguia. Em 2013, com um empréstimo de R$ 500,00 da então namorada, Murillo começou a vender correntes de prata. Ele se dedicava à venda e entrega das peças, aprendendo tudo por conta própria.
Nesta época, vendia apenas para pessoas mais próximas, como amigos e familiares. Um tempo depois, passou a colocar as peças em grupos nas redes sociais. Paralelo a isso, conseguiu terminar a faculdade de Direito.
Com o tempo, o negócio cresceu e Murillo precisou buscar ajuda para acompanhar a demanda. Já formado, deixou o escritório de advocacia para focar na venda de pratas em tempo integral. Nesse momento, como o público era majoritariamente masculino, decidiu mudar o nome da marca.
“Em 2018, resolvi alterar o nome da marca, que antes era Dallas. Como vendia mais para público masculino, achei que precisava de um nome mais de peso. Aí surgiu a El Patron Platas. As coisas foram fluindo cada vez mais”, conta.
Além da alteração do nome, Murilo decidiu contratar profissionais para auxiliar na gestão e marketing, e começou a importar pratas de alta qualidade da Itália.
Em 2019, a El Patrón Platas abriu sua sede física em Aparecida de Goiânia. No local funciona o estoque, um estúdio para gravação de conteúdos para promover a marca e uma estrutura de descanso para os sete funcionários na sede regional.
Após um longo estudo, abriu a primeira loja física da marca, em junho de 2024, no Shopping Itaquera, em São Paulo. O espaço conta com a exposição de 115 itens e quatro funcionários.
“Muitas pessoas acham que a escolha foi aleatória, mas não. Também fizemos um estudo, até mesmo de geolocalização. Das nossas vendas, 40% eram voltadas para São Paulo. E aí a gente chegou na zona leste para tentar ser o mais assertivo possível”, diz.
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul fecham o cinco dos estados que mais compram da El Patron.
As pratas de Murillo já estão em todo território nacional. A expectativa é que as peças possam entrar no mercado internacional, com foco nos Estados Unidos. Até 2025, Murillo prevê que sua empresa alcance faturamento de R$ 10 milhões.
O diferencial no negócio, segundo Murillo, é o fato da empresa oferecer um atendimento ao cliente diferenciado, com garantia e suporte técnico.
“Buscamos levar sempre um pós-venda interessante para o cliente. Muita gente não sabe que a prata oxida e, por isso, nós instruímos a como fazer a limpeza. Também oferecemos flanela mágica para o cliente. Caso venha quebrar ou arrebentar, realizamos o conserto. Tudo isso será implantado na loja física”, ressalta.
Para Murillo, diante da realidade que passou, a sociedade não está preparada quando o assunto é ressocialização. “Seja pelo modo de pensar, seja pela estrutura, né? Acho que tem caminhos que nós podemos fazer, nós podemos seguir. Se inspirar em outras nações, como os países nórdicos, a Suécia, que fizeram um programa de ressocialização em massa, focado na educação. Acho que seria um dos caminhos”, destaca.