A eleição de Trump pode gerar um movimento de protecionismo dos EUA, com reflexos para a economia goiana. Entenda.
A eleição de Donald Trump (Republicanos) pode gerar um movimento de protecionismo dos Estados Unidos. Por outro lado, pode reforçar a parceria comercial do Brasil com a China. Se este cenário se confirmar, haverá reflexos para a economia goiana, especialmente para a balança comercial do estado. Segundo análise da maioria de presidentes de entidades e de economista ouvidos pelo EMPREENDER EM GOIÁS.
Para Erik Figueiredo, economista e presidente do Instituto Mauro Borges (IMB), a visão protecionista de Trump tende a limitar as relações internacionais de importação e exportação de produtos. Principalmente, aumentando as taxas sobre insumos comercializados por outros países. Entre eles, o Brasil.
Outro efeito é cambial, porque o maior protecionismo do mercado americano pode elevar a inflação e, com isso, gerar aumento de juros nos Estados Unidos. Isto aumenta também a fuga de capital e, consequentemente, desvalorização do câmbio, já que as exportações são negociadas em dólar.
Por outro lado, o principal parceiro comercial de Goiás é a China. Se o cenário americano se concretizar, haverá uma valorização dos produtos no mercado internacional perante outras nações.
Contudo, Figueiredo defende cautela com esses cenários. “Temos que olhar com cuidado, observar o que vai acontecer. De véspera, eu não vejo nenhum impacto muito expressivo nas nossas relações internacionais e na nossa economia. Então, na parte econômica, eu estou muito tranquilo em relação à vitória do Trump”, diz.
André Rocha, vice-presidente da Fieg, também prevê atitudes mais protecionistas dos Estados Unidos. E isso já fez com que o Brasil passasse a exportar mais para a China do que para o mercado americano. Ele acredita que esse movimento deve se intensificar no governo de Trump. Mas destaca que, talvez, a China não queira ficar dependente apenas de um país.
“É difícil o Brasil aumentar muito mais suas exportações para a China, visto que o governo chinês não vai querer ficar dependente apenas de um país. Por outro lado, deve reagir barrando também produtos americanos e os Estados Unidos vão tentar vender esses produtos no Brasil”, afirma.
“O governo brasileiro vai ter que ter muita habilidade para poder fazer acordos comerciais para não prejudicar cadeias produtivas importantes de alguns setores”, frisa André Rocha. Além disso, ele pontua que alguns anúncios de Trump podem impactar a economia, como discussões de mudanças climáticas e transição energética.
José Mário Schreiner, presidente da Faeg, acredita que a eleição de Trump deve deixar os Estados Unidos mais atraentes, o que pode representar perda de investimentos no Brasil. Mas, no campo agropecuário, pode representar mais oportunidades para o nosso país, principalmente, em relação à China.
“A questão da briga deles com China vai continuar, mas não vai ser talvez do tamanho do primeiro governo Trump. Assim, é uma oportunidade para o Brasil. Hoje já somos grandes fornecedores para a China. Nós não éramos naquele primeiro governo Trump. Por isso, é mais uma oportunidade para o Brasil continuar exportando”, reforça.
Entretanto, Schreiner destaca o discurso de Trump para taxar produtos de países não-amigos. Segundo ele, o Brasil tem conseguido abrir mercado com os americanos. Como etanol, carnes, que evoluiu bastante, mas que atenção aos países sul-americanos não tem sido uma prioridade dos EUA.
“Independente se for democrata ou republicana, a gente tem observado que a atenção aos países sul-americanos não tem sido muito grande por parte dos Estados Unidos. Eu acho que na geopolítica, o Brasil precisa se colocar melhor nesse aspecto”, destaca.