Mas Faeg alerta para alguns desafios para 2025: alta da inflação e dos juros, além da forte desvalorização do real.
Cautela e gestão. Essas serão duas palavras que os produtores rurais devem levar em consideração no próximo ano. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner. Além disso, ele destaca que alguns fatores devem ter atenção dos produtores. Como a persistência da alta da inflação, elevação da taxa de juros, desvalorização do real frente ao dólar e os desafios fiscais de dívidas públicas.
“O setor agropecuário sempre foi otimista por natureza e acreditamos que teremos uma safra melhor do que tivemos esse ano. Goiás deve ter uma passagem de 30 milhões de toneladas para 34 milhões de toneladas no volume de produção, o que representa um incremento de 11%”, afirmou.
Segundo ele, as carnes vão continuar em um patamar remuneratório aos produtores. Haja vista que amargaram quase três anos de baixa no preço da arroba do boi. “Esperamos crescimento nas exportações, mas não somos uma ilha. Dependemos das questões fiscais, das questões econômicas do Brasil e do dólar ”, pontua.
Durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (18/12), José Mário disse que a reforma tributária trouxe avanços significativos para o agronegócio. Ele aproveitou a oportunidade para agradecer à frente parlamentar pelo trabalho desenvolvido.
“O setor agropecuário deve ser tratado como segmento importante e necessário. Por isso, hoje vamos ter 40% da alíquota geral. Isso é um grande avanço. Produtores de até R$ 3,6 milhões podem optar pela isenção do pagamento do tributo. Produtos agropecuários que seriam incluídos no imposto do pecado, conseguimos retirá-los e fazer com que todos entendessem que eles são importantes”, explica.
José Mário ainda destacou alguns números da safra de 2024. Neste ano, o segmento teve algumas quedas nos indicadores. Por exemplo, o agro participou de 83% dos resultados do comércio exterior, 3% a menos que no ano passado. Foram pouco mais de 19 mil toneladas de produtos exportados: uma queda de 13%.
Isso, consequentemente, impactou no valor arrecadado, que chegou a pouco mais de US$ 9,5 bilhões de dólares, um recuo também de 13%. Os produtos mais exportados foram soja (51%), carne bovina (16%), farelo de soja (10%), milho (7%) e açúcar (6%). Os principais parceiros internacionais de Goiás foram a China, União Europeia, Vietnã , Indonésia e Estados Unidos.
Para José Mário, 2024 foi um ano desafiador para os produtores agrícolas que, além das questões econômicas, ainda esbarraram em fatores climáticos que impactaram na produção. “Tivemos secas em algumas áreas e chuva em excesso em outras. Esses fatores impactaram na colheita em todo Brasil e, principalmente, em Goiás. Aqui, no estado, nós colhemos 30 milhões de toneladas. Mas, de uma forma geral, o produtor conseguiu superar e venceu o ano de 2024”, pontua.
José Mário ainda criticou algumas decisões do governo federal em relação à alta de juros. Segundo ele, o governo Lula tem feito cortes superficiais e que precisa gastar o que se tem em caixa. Ele destaca ainda que, mesmo com o arcabouço fiscal, o governo tenta ainda elevar os gastos para tentar equilibrar as contas.
“Por isso entendemos como importante a independência do Banco Central. Essa alta do dólar mostra o descontrole econômico do Brasil e mostra ainda a falta de crédito em relação ao ponto de vista econômico. É um ponto muito delicado. A alta do dólar não é bem vista. Tivemos aí, nos últimos três dias, o gasto de mais 14 bilhões de dólares para tentar equilibrar a alta do dólar e não conseguiu”, destaca.
José Mário ainda falou sobre COP 30 – evento internacional que trata sobre as mudanças climáticas, que será realizado em Belém (PA) no ano que vem. Segundo ele, está sendo feito um estudo do Sanear com a Embrapa para trazer atualização de dados sobre a produção agrícola em território brasileiro.
“Eles sempre querem ditar as regras de lá para cá. A própria Nasa mostra que o agro brasileiro ocupa apenas 7,1% do território nacional. Isso deve ser muito bem mostrado para que não venham apenas com narrativas externas, mas que possamos mostrar as nossas narrativas, a nossa sustentabilidade, com a nossa produção, a forma que nós produzimos a justiça social, responsabilidade ambiental, e, por fim, mostrar a nossa solução”, destaca.