sábado, 15 de março de 2025
Depois de grave acidente na adolescência e ficar desempregado na pandemia, barbeiro decide abrir seu próprio negócio. Com sucesso.
O empresário Márcio Aurélio Barbosa, de 48 anos de idade, começou ainda muito jovem a ter de superar obstáculos. Primeiro, aos 16 anos de idade, sofreu um grave acidente no trajeto ao trabalho de bicicleta. Passou dois anos em recuperação e teve de mudar de profissão por conta das sequelas. Depois, quando se firmava na nova ocupação profissional, veio a pandemia e perdeu o emprego. Decidiu abrir o próprio negócio. E está crescendo.
Márcio Aurélio conta que ainda adolescente começou a trabalhar em uma loja em Goiânia como auxiliar de serviços gerais. Para economizar, fazia o percurso de 22 quilômetros entre sua casa e o trabalho de bicicleta. “Comecei a pegar rabeira [prática de andar dependurado em veículos] em ônibus. Em uma dessas vezes, me dei mal e uma moto acabou me atropelando”, recorda.
Um grave ferimento deixou sequela em uma das suas pernas e ele precisou mudar de profissão. Quando recorreu ao Senac e, por conhecer uma pessoa bem posicionada no ramo de cabeleireiro, optou por essa área.
“No começo, com 18 anos, não levava o curso a sério. Éramos 18 alunos e fomos a uma escola cortar cabelo. Quando voltamos a nossa professora, disse: ‘Tem um de vocês que se destacou mais no corte’. Para minha surpresa, ela falou o meu nome. A partir daquele momento, comecei a levar a coisa de outra forma. Fiz seis meses de curso, das 8h às 12h, e consegui concluir”, relembra.
Perto da finalização do curso no Senac, Márcio Aurélio começou a trabalhar como auxiliar em um salão. Logo, passou a trabalhar em grandes salões de Goiânia. Também decidiu focar exclusivamente no público masculino e começou a atuar em barbearias. Mas já pensando em abrir o próprio negócio.
Quando estava atuando em várias barbearias e salões masculinos de Goiânia, Márcio Aurélio se viu diante do segundo grande desafio de sua vida: o desemprego por causa da pandemia, em 2020. Que obrigou o fechamento temporário de várias atividades econômicas, para conter a propagação do Covid-19.
“Durante a pandemia, a barbearia onde eu trabalhava fechou e me vi desempregado. O que fiz? Aluguei garagens em prédios e, nelas, cortava os cabelos dos clientes. Com isso, consegui alugar uma sala e montei um estúdio. Era um espaço pequeno e comecei só com um assistente”, diz.
O resultado? Atualmente, Márcio Aurélio é dono da barbearia Mamutt Barber, localizada na Avenida Ricardo Paranhos, em Goiânia, e da Mamutt Barber Móvel, uma barbearia móvel (van adaptada). “Hoje, somos 10 barbeiros, temos assistente e uma estrutura muito bem montada na Avenida Ricardo Paranhos, o endereço mais charmoso de Goiânia”, relata o empresário.
Em 2022, Márcio Aurélio teve outra sacada: montar uma barbearia móvel. A partir de duas necessidades de muitos clientes: tempo e exclusividade. “O que é caro para as pessoas hoje? Tempo. E eu percebi isso. Atendo o público A, como prefeitos, empresários, grandes comerciantes e industriais, que não têm tempo. Então pensei: tempo e exclusividade. Eu disponibilizo meu tempo ao cliente”, afirma.
“Hoje, um corte comigo custa R$ 150. Mas não trabalho apenas com cortes de cabelo. Quando o cliente vai à minha barbearia, ele começa com o corte, mas o convidamos a fazer a barba, convencemos a cuidar das sobrancelhas, a realizar uma barbaterapia, que é um processo de limpeza de pele com massagem. Também oferecemos massagens nos pés, nas mãos e no lavatório”, diz.
Um dos clientes da barbearia do empresário é o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, que publicou um vídeo nas redes sociais enquanto era atendido na barbearia móvel. “Olha essa van aqui mais invocada, tem até lavatório, tem tudo. Márcio, esse negócio ficou muito bacana. Nota mil. Parabéns”, elogiou o político.
A próxima meta do empresário é trabalhar com consultoria de imagem, focada no visagismo. Consiste em uma técnica que busca compreender e refletir a verdadeira identidade de cada pessoa por meio da imagem pessoal.
Ao analisar sua trajetória, ele destaca que a persistência foi essencial para o crescimento profissional e deixa um recado para quem pretende atuar no ramo: “Eu sou um privilegiado. Tudo o que aconteceu foi fruto de muita observação. Costumo dizer que a persistência resiste a qualquer coisa. Sempre fui muito persistente. Se eu pudesse definir tudo o que faço em uma palavra, seria persistência. A mensagem que deixo para os alunos é: persista. Corra atrás, faça sua parte”, afirma.
O presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac, Marcelo Baiocchi, destaca que a jornada do empreendedor reforça o compromisso da instituição em educar e capacitar, de forma qualificada, profissionais que irão integrar o mercado de trabalho.
“Essa é mais uma prova de que os cursos ofertados pela instituição são capazes de transformar vidas e contribuir para com a sociedade, seja por meio das mais divergentes áreas de atuação”, diz.
Para o diretor regional do Sesc e Senac, Leopoldo Veiga Jardim, a história “reflete o compromisso do Senac com a qualificação profissional e o desenvolvimento do mercado de trabalho, além de reforçar ser a instituição brasileira que oferece as melhores soluções em educação profissional”.
