sábado, 15 de março de 2025
Cidades em calamidade financeira

Cidades em calamidade financeira

“O que percebemos há muitos anos é um direcionamento incorreto de recursos públicos em diversos municípios”

20 de fevereiro de 2025

Tendo decretado oficialmente, ou não, percebemos no Brasil, após a posse dos novos gestores municipais e estaduais em janeiro, uma avalanche de notícias sobre crise fiscal e calamidade financeira. Nem a grande São Paulo escapou do endividamento e da falta de recursos. A situação atinge também diversas cidades goianas, como vemos na capital, em Aparecida de Goiânia e Trindade, por exemplo.

A condição de endividamento extremo causa diversos problemas e impede o município de atender as necessidades básicas de sua população, por isso, vencer essa difícil etapa de equilíbrio financeiro requer mais do que vontade política. Requer empenho do gestor para aplicar princípios de gestão que possam gerar mudanças efetivas no cenário econômico e promover o retorno dos investimentos. 

 A reforma tributária pode tornar essa recuperação mais difícil, uma vez que vai haver uma centralização de alguns impostos por parte do governo federal. Então, a gestão do caixa torna-se muito mais difícil. Isso faz com que prefeitos, governadores e até o próprio presidente da República necessitem ter um viés muito mais gestor do que populista. E, neste sentido, a iniciativa privada tem muitos princípios que podem ser adotados pelos gestores públicos que vão contribuir com o bom andamento da gestão. 

O que percebemos há muitos anos é um direcionamento incorreto de recursos públicos em diversos municípios. Geralmente, a receita que se tem é menor do que o gasto público e isso gera um déficit operacional.

Aí é que está o problema, pois o gestor público precisa financiar aquele déficit e ele o faz tomando mais empréstimos do governo federal ou de bancos públicos ou pega emenda parlamentar, carimba e coloca para pagar déficit, despesas gerais como salários. Que são importantes e devem ser pagos, mas boas práticas como a redução das despesas são fundamentais nesta hora para evitar que o endividamento cresça ainda mais. 

Aplicar os princípios de governança corporativa como a transparência, gestão profissionalizada, com foco em resultados, e previsibilidade real dentro do orçamento, pode gerar benefícios tanto para instituições públicas, como nas privadas.

Na parte da transparência, por exemplo, as grandes empresas se beneficiam de controles internos eficientes, sejam de ouvidorias, de departamentos de compliance ou da própria rotina administrativa e contábil, facilitando assim a tomada de decisões. 

Os gestores que fazem parte da equipe do eleito precisam estar alinhados com as propostas da gestão, ser profissionais capacitados para suas áreas de atuação e estar continuamente atentos às demandas de mercado e sociais, isso faz com que a gestão se torne confiável. E, para aumentar essa confiabilidade, é indispensável adotar práticas de ESG, incluindo responsabilidade social, ambiental e governança.

A verdade é que o mundo, o mercado de trabalho e as relações sociais e políticas estão cada vez mais dinâmicas. Para sobreviver neste cenário é preciso saber avaliar, planejar, reavaliar e corrigir rotas, se necessário. No final, o grande benefício será para a população. 

Marcelo Camorim é presidente do Conselho de Administração e de Família do Grupo Soares, especialista em governança corporativa e em gestão empresarial

Marcelo Camorim é presidente do Conselho de Administração e de Família do Grupo Soares, especialista em governança corporativa e em gestão empresarial

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One thought on “Cidades em calamidade financeira”

  1. Julio canedo disse:

    Parabéns pela matéria!
    A política no Brasil tem um grande desafio a ser enfrentado. Temos que fazer da gestão pública, algo semelhante com a gestão privada, onde os responsáveis respondam pelos atos ali cometidos.