sábado, 15 de março de 2025
Incertezas crescem com Trump e Lula

Incertezas crescem com Trump e Lula

Setor produtivo goiano acredita que medidas de Trump podem criar novas parcerias comerciais para Goiás e discorda das ações de Lula.

10 de março de 2025

Luís Alberto: “Decisão de Trump abrirá oportunidades de aumentarmos o relacionamento comercial com outros mercados. Cabe a nós fazermos isso”

Um possível tarifaço do governo de Donald Trump (EUA) sobre os produtos brasileiros. Ou redução nas alíquotas da importação dos alimentos pelo governo Lula (PT). Qual dessas medidas podem causar maior impacto para o setor produtivo goiano?

Lideranças afirmaram ao EMPREENDER EM GOIÁS que ambas. No entanto, algumas acreditam que as medidas de Trump possam gerar mais oportunidades de mercado e possibilidade de novas parcerias comerciais.

É o que acredita, por exemplo, o presidente da Faeg, José Mário Schreiner. Segundo ele, Goiás exporta muita proteína animal e couro para os Estados Unidos e importa máquinas agrícolas. “Não tememos retaliação, até porque Goiás exporta para mais de 130 países e os EUA não são o maior mercado do agro goiano. Que ainda poderá ampliar e buscar novos mercados, caso seja taxado pelos EUA”, diz.

Oportunidades

O presidente do Sistema OCB Goiás, Luís Alberto, compartilha do mesmo pensamento. Segundo ele, não há preocupação com uma possível retaliação e que a atitude faz parte de uma política protecionista. “O mercado americano é importante para o Brasil e para as cooperativas. Mas como ele está aplicando uma medida geral, abrirá oportunidades de aumentarmos o relacionamento comercial com outros mercados. Cabe a nós fazermos isso”, pontua.

Já o presidente em exercício da Fieg, Wilson de Oliveira, acredita que essas novas parcerias que venham surgir com o possível tarifaço possam parecer benéficas em um primeiro momento. Mas, com o passar do tempo, causarão um efeito contrário.

“Essa taxação que o Trump está querendo fazer com o mundo todo, principalmente com a China, com a Europa, num primeiro momento, pode beneficiar o Brasil. Pode melhorar nossas exportações, os produtos que mandamos para os Estados Unidos. Mas isso é só num primeiro momento. Logo que o mercado voltar ao normal, isso se perde. Então eu continuo afirmando que essa taxação é ruim para todos, inclusive, para os próprios americanos”, diz.

Impactos

José Mário afirma que a taxação poderá implicar em mais gastos para os produtores rurais. Ele destaca que Goiás, em 2024, exportou US$ 290,4 milhões, sendo US$ 161,2 milhões de carne bovina (55,5%), US$ 80,8 milhões de açúcar (27,8%) e US$ 20,2 milhões (6,9%) em produtos oriundos de couro bovino.

Na contramão, o estado goiano importou US$ 254,1 milhões, sendo US$ 191,8 milhões de colheitadeiras e tratores e US$ 41,7 milhões de adubos e fertilizantes.

“Caso os EUA adotem maiores tarifas sobre estes produtos, também podem impactar os custos dos produtores rurais goianos. Mas temos que ter cautela e aguardar a concretização das medidas”, afirma o presidente da Faeg.

Wilson de Oliveira: “Lula e Trump têm criado um cenário de insegurança quando falamos da economia brasileira e mundial”

Lula

Sobre as medidas para conter a alta dos alimentos anunciadas pelo governo federal, Luís Alberto Pereira afirma que não é uma decisão acertada do governo. Já que a alta, segundo ele, não se deve a uma procura elevada, mas a outros fatores, como dólar elevado e desequilíbrio fiscal.

José Mário complementa que o governo tem que enfrentar o problema do déficit fiscal, investir em infraestrutura, reduzir a carga tributária sobre a produção nacional e fortalecer políticas agrícolas que garantam maior produção de alimentos e sua consequente estabilidade de preços no longo prazo.

“Não é transferindo o ônus de bancar o desequilíbrio do gasto público do governo para os produtores rurais e os consumidores, que vão resolver o problema da inflação de alimentos”, pontua.

Momento delicado

Wilson de Oliveira complementa que decisão do governo Lula é confusa e não traz os resultados esperados para a população. “Mesmo com a atual informação de que a economia brasileira cresceu 3,4%, segundo o IBGE, as pessoas não têm sentido um aumento no poder de compra”, diz.

Na visão do representante da Fieg, Lula e Trump têm criado um cenário de insegurança quando falamos da economia brasileira e mundial. “Eu vejo que, nesse momento delicado que o mundo está passando, tanto o Lula quanto o Trump não estão contribuindo em nada com a economia mundial, nem nacional e nem de Goiás”, finaliza.

Saiba mais: Como o governo Trump deve impactar a economia goiana

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