Sócio de gestora financeira na Flórida, Leandro Sobrinho compara as prioridades econômicas dos governos Trump e Lula.
Em meio à turbulência geopolítica, disputas comerciais e embates institucionais internos, os Estados Unidos seguem avançando em crescimento econômico e em atração de capital privado. Segundo avaliação do empresário Leandro Sobrinho, investidor imobiliário nos EUA e sócio da Davila Finance.
Para ele, existe uma grande diferença entre as prioridades adotadas pelos governos do Brasil e dos EUA na condução da política e da economia. “De volta à presidência, Donald Trump tem conduzido seu novo mandato com uma postura agressiva na economia, mas pragmática na composição do governo”, diz.
O empresário enfatiza o “time de bilionários e empresários experientes” escalado por Trump para comandar áreas estratégicas da administração federal dos EUA. “Secretários do Tesouro, do Comércio e do Planejamento Governamental têm em comum não apenas o patrimônio bilionário. Mas também a orientação para fazer negócios, enxugar gastos e atrair capital”, diz.
Para Leandro Sobrinho, o foco é claro: reindustrializar os Estados Unidos, reduzir o peso do Estado e criar ambiente mais competitivo para o setor privado. “Se eles conseguirem executar o plano como está sendo desenhado, a carga tributária americana, que já é uma das mais baixas do mundo desenvolvido, pode cair ainda mais. Isso é música para os ouvidos de qualquer investidor ou empresário”, afirma.
Enquanto isso, no Brasil, o empresário diz que a agenda econômica segue travada por disputas políticas, discussões ideológicas e prioridades consideradas periféricas diante dos desafios estruturais do país. “A carga tributária nacional, que já beira os 35% do PIB, continua em trajetória ascendente, pressionada por uma dívida pública crescente e gastos rígidos com emendas parlamentares e programas de difícil revisão”, frisa.
A taxa básica de juros, próxima de 15% ao ano, dificulta o crédito, encarece o investimento produtivo e impede que o país decole em competitividade. “Ainda assim, os principais sinais que chegam ao setor privado estão longe de indicar um real compromisso com reformas ou com o estímulo à produtividade”, diz.
“Nos EUA, mesmo com toda a instabilidade política, há uma agenda econômica concreta em andamento. No Brasil, infelizmente, o governo parece mais preocupado com o impacto de vídeos nas redes sociais do que com o cenário fiscal, tributário ou regulatório”, pontua Leandro Sobrinho.
Para o empresário, o contraste é um alerta. “Enquanto um país direciona bilionários para liderar a política econômica e promover eficiência, o outro se perde em disputas simbólicas. O que nos impede de ser uma potência não é a falta de capacidade, é a escolha errada das prioridades”, diz.