Ampliação da rede de energia elétrica. Esse é um dos maiores desafios para a instalação de novas indústrias e expansão da produção em Goiás. A avaliação é de Edwal Portilho, o Tchequinho, que tomou posse como presidente-executivo da Associação Pró-Industrial do Estado de Goiás (Adial) na noite desta segunda-feira (28), durante solenidade realizada no WTC Goiânia Events Center, Setor Marista.
Tchequinho aponta o gargalo como um dos problemas que terá maior atenção no triênio em que ele assume na entidade (abril de 2025 até abril de 2028). Outras áreas prioritárias serão a questão tributária e a pauta ESG (ambiental, social e governança).
Deficiência
Segundo ele, o estado sofre com uma deficiência enorme no que diz respeito à distribuição de energia elétrica de alta tensão para atender os parques industriais já existentes ou para a criação de novos.
Além disso, a falta de distribuição correta de energia elétrica ainda impacta negativamente o meio ambiente, pois leva aos empresários a optarem pelo uso de gerador a diesel, um combustível fóssil que contribui para o aumento da poluição. O custo dessa ferramenta também é calculado sobre os produtos e, consequentemente, repassado aos clientes.
“Tem uma demanda reprimida enorme. A concessionária tem limitações de investimentos anuais para garantir taxas de retorno aos seus acionistas. Isso é natural dentro de uma empresa privada. Mas, precisamos criar mecanismos para aumentar o volume de investimentos e aumentar a possibilidade de suprimento de energia elétrica. O investimento é na distribuição, com a criação de novas redes”, frisa.
Reforma tributária
Além disso, Edwal Portilho pontua também que estarão em pauta assuntos inerentes à reforma tributária para que sejam encontradas alternativas de competitividade entre os estados. Isso porque a reforma provoca a perda de relevância dos incentivos fiscais – um dos fatores decisivos para instalação de indústrias nos estados.
Segundo ele, os diálogos serão intensificados para entender as diretrizes de funcionamento dos dois fundos que são criados com o Imposto de Valor Agregado (IVA), sendo eles o Fundo de Compensação de Receita e o Fundo de Desenvolvimento Regional.
“Eles já têm diretrizes, de como é que eles se darão lá na frente. Mas como eles funcionarão e como será a operacionalização disso ainda não é clara. Isso vai ser desdobrado em resoluções, instruções normativas e estaremos atentos. Nós precisamos continuar tendo preço competitivo com o nosso produto industrializado para que ele chegue em condições para concorrer com produtos das regiões Sul e Sudeste ou até na Região Nordeste, mas na faixa litorânea“, pontua.
Biosseguridade
Outro desafio em pauta será a biosseguridade, que é a sanidade animal e vegetal. Para ele, Goiás tem fatores mais favoráveis à questão do conjunto de medidas e procedimentos destinados a prevenir e controlar as doenças de animais.
“Nós não temos limitações geográficas com outros países ou oceanos. Então, naturalmente, a gente tem uma blindagem melhor. Nós não somos somente agroindústrias aqui, ou seja, indústrias de alimentos e bebidas, mas é um setor extremamente forte e relevante no estado”, explica.
Modernidade
Segundo Edwal Portilho, a mudança na configuração da governança vem para dar modernidade aos trabalhos que já eram realizados pela Adial. Com 30 anos de história, a entidade contribuiu para que Goiás atingisse a sétima posição como maior parque industrial do país em diferentes governos.
Segundo ele, as indústrias goianas empregam 350 mil pessoas de maneira direta, mas a cadeia de produção chega a envolver 1,2 milhão de trabalhadores.
Ele destaca as parcerias internacionais realizadas ao longo da história, como a Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e com avanços como signatários do Pacto Global da Organização das Nações Unidas, no qual estão sendo multiplicadores dos objetivos de desenvolvimento sustentável do Pacto 2030.
Pontua ainda que as tratativas com países da Língua Portuguesa abrem margem a uma negociação direta que impactam milhões de pessoas sem necessidade de usar outros países como rota de entrada de commodities nestes lugares. Por isso, ele busca tratativas para transformar Goiás em um hub de referência no bioma Cerrado brasileiro e como isso deve ser retratado para o mundo.
Outro ponto que ganha atenção será a parceria com o Ministério do Trabalho para que, a partir de maio, as vagas de trabalho abertas das 140 associadas sejam cadastradas no sistema da Carteira Digital de Trabalho. Segundo ele, essas vagas serão lançadas para os trabalhadores que estão recebendo o seguro-desemprego para que eles já possam retornar à ativa.
Perfil
Edwal Portilho tem 14 anos de atuação na Adial, onde iniciou como diretor-executivo, agora assume a presidência da entidade. Ele é um executivo com experiência no agronegócio, teve passagem marcante pela Perdigão (BRF), onde liderou projetos estratégicos de implantação de frigoríficos e laticínios em diversos estados. Também atuou como secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Rio Verde e é produtor rural.
Edwal é zootecnista, com formação técnica em agropecuária, MBA em Gestão Empresarial pela FGV e vivência internacional em grupos de estudos nos Estados Unidos. Tchequinho é membro titular do Instituto Pensar Agropecuária (IPA) e reconhecido por sua atuação em favor do desenvolvimento econômico e da parceria entre o setor público e a iniciativa privada.