Pesquisa da CNC alerta para pressão da alta dos juros sobre o orçamento doméstico e para o endividamento em alta.
O endividamento das famílias brasileiras registrou nova alta em abril. Conforme pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 77,6% dos lares declararam possuir algum tipo de dívida. Em março, eram 77,1%.
No entanto, o dado mais preocupante da pesquisa é a elevação da inadimplência. O percentual de famílias com dívidas em atraso atingiu 29,1%, retornando ao nível observado em janeiro deste ano.
O recorte por faixa de renda mostra que os brasileiros que recebem até três salários mínimos enfrentam a situação mais crítica. O mês de abril encerrou com 81,1% dessas famílias endividadas.
A maior proporção entre todos os estratos, com 37% relatando contas em atraso. Além disso, 17,5% declararam que não têm condições de pagar as dívidas.
A diferença é expressiva quando comparada às famílias que ganham mais de dez salários mínimos. Neste recorte, apenas 15,2% estão inadimplentes e 5,4% afirmam que não conseguirão quitar as dívidas atrasadas.
Apesar disso, a classe de maior renda também apresentou maior endividamento no mês (+0,7 p.p.), o que sinaliza uma pressão mais ampla no orçamento das famílias brasileiras.
As projeções da CNC apontam um crescimento contínuo do endividamento ao longo de 2025, com avanço estimado de 2,4 pontos percentuais no comparativo entre dezembro de 2024 e deste ano.
A inadimplência, por sua vez, também deve seguir em alta (+0,5 p.p.), pressionada por juros mais elevados e menor acesso ao crédito.
A entidade destaca ainda que programas governamentais de incentivo ao consumo podem contribuir para um endividamento ainda maior. Isso se não forem acompanhados por políticas de educação financeira e controle da inadimplência.