Primeiros 8 supercomputadores da bigtech na América Latina devem entrar em operação no segundo semestre em Goiânia.
Além de ser o primeiro estado brasileiro com lei para regulamentar o setor de inteligência artificial (IA) no país, Goiás também se destacará neste ano com os primeiros supercomputadores da Nvidia em operação na América Latina. As oito máquinas começarão a operar no segundo semestre deste ano.
Os equipamentos, orçados em R$ 40 milhões, contam com os avançados chips Blackwell B200. Trata-se de um trabalho reconhecido no Brasil e no exterior de 800 pesquisadores do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia), instalado na Universidade Federal de Goiás (UFG) desde 2019.
Os supercomputadores da Nvidia permitirão realizar cálculos e processamentos de dados em velocidade e escala muito superiores aos computadores convencionais. Permitindo o desenvolvimento de ferramentas que seriam impossíveis de tirar do papel há poucos anos.
A Nvidia visa apoiar pesquisadores, desenvolvedores e empreendedores locais a entender como a computação acelerada, com superchips, pode treinar e implantar modelos de IA. Trata-se da principal iniciativa social da empresa, de acordo com o diretor da big tech para a América Latina, Márcio Aguiar.
“A ideia é impulsionar tanto a pesquisa acadêmica quanto projetos de inovação com parceiros industriais”, diz o executivo. “Isso coloca o mercado brasileiro em pé de igualdade com as grandes potências tecnológicas do mundo.”
Para o coordenador do Ceia e professor do Instituto de Informática da UFG, Anderson Soares, existem dois fatores importantes acontecendo em Goiás. A perspectiva sobre inteligência artificial voltada para produtos e a união entre o investimento privado e o público.
“Começamos, em 2019, numa parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). Desde então, a gente tem ocupado um espaço bastante relevante. Acredito que somos hoje o maior grupo de pesquisa inovadora da América Latina”, diz o coordenador do Ceia.
A política de centro de excelências do governo de Goiás visa atrair investimentos a partir de um impulso inicial da Fapeg. O Ceia já captou R$ 269 milhões e atua com assistência tecnológica no desenvolvimento de projetos financiados por investimento de risco em 93 empresas. “Já ajudamos a viabilizar produtos que chegam a mais de 90 milhões de pessoas só aqui no Brasil”, diz Soares.
São soluções que servem grupos de comunicação, do setor financeiro, e que ficam atrás das telas, nos bastidores das grandes marcas. A UFG também já formou a primeira turma do bacharelado em inteligência artificial em 2020. Em 2025, o processo seletivo para entrar no curso apresentou a nota de corte mais alta da universidade, acima até de medicina.