Estudo traz dados sobre o desempenho do setor agropecuário em Quirinópolis, referência em produção agrícola no estado.
A região de Quirinópolis (GO) possui um custo de produção 19% inferior em comparação a outros polos agrícolas no país, como Ribeirão Preto (SP). E uma produtividade 7% superior, considerando a safra 2023/24. Segundo estudo da Associação dos Defensores do Agro (ADEAGRO).
O estudo traz informações sobre o desempenho do setor agropecuário em Quirinópolis, referência em produção agrícola no estado, que fica a quase 300 quilômetros de Goiânia. Além de desafios que exigem planejamento estratégico e visão de longo prazo dos produtores, especialmente do setor canavieiro.
A pesquisa aponta que o breakeven (ponto em que as receitas de uma empresa se igualam aos seus custos) de Quirinópolis é 8% superior ao de Ribeirão Preto. Mesmo com custos menores e produtividade maiores em razão do baixo valor que vem sendo pago pelo Açúcar Total Recuperável (ATR).
Aliás, um grande desafio para os produtores da região se manterem na atividade. “Nosso estudo reforça que nossa região se destaca não apenas pela alta produtividade, mas também por um custo menor. Isso coloca o Quirinópolis em uma posição estratégica no agronegócio nacional”, afirma Elizabeth Alves, presidente da ADEGRO.
Outro ponto relevante mostrado pela pesquisa é o descolamento do valor de ATR (Açúcar Total Recuperável) pago em Quirinópolis em relação ao índice divulgado pela CONSECANA/SP. Evidencia uma diferença nos cenários de rentabilidade entre as regiões analisadas.
“Essa diferença entre o valor antecipado e o preço final se aprofundou nas duas últimas safras e levou boa parte dos produtores da região a uma situação delicada. Comprometendo manejo, investimentos e fluxo da caixa das propriedades. Isto causou um impacto brutal nas finanças dos produtores e, indiretamente, em toda cadeia produtiva e comércio da região”, diz Elizabeth Alves.
A análise histórica dos últimos 10 anos reforça a superioridade da rentabilidade acumulada para as culturas de soja e milho em comparação com a cana-de-açúcar. Resultado diretamente ligado ao crescimento dos preços dos grãos no mercado internacional.
Atualmente, produtores agrícolas em Quirinópolis alcançam uma receita anual de R$ 6.175 por alqueire goiano (4,84 hectares) com cana. Enquanto com a soja, o valor médio é de R$ 8.131, considerando o valor médio de 67 sacas por alqueire goiano, como exemplo.
Esse cenário se reflete diretamente na decisão dos produtores em arrendar terras para soja ou cana. “Com os dados, podemos apontar bases para que os produtores tomem decisões estratégicas. Por exemplo, que o cultivo da oleaginosa é mais vantajoso para quem busca contratos mais curtos e retorno rápido. Enquanto a cana oferece maior estabilidade e sua rentabilidade deve ser analisada a longo prazo. Considerando todo o ciclo de colheitas, que pode chegar a 10 cortes, ou mais, para os produtores mais eficientes”, frisa a presidente da ADEGRO.
O levantamento também traz uma análise na produção do etanol. Goiás é o segundo maior produtor do Brasil (somados milho e cana), crescendo 41% nos últimos 10 anos.
Só o etanol de cana cresceu 22% no estado nesse período, enquanto a média nacional foi uma alta de apenas 2%. O etanol de milho apresentou crescimento ainda mais expressivo: entre 2018 e 2024, a produção cresceu 297% no estado.
O estudo prevê que o etanol de cana irá crescer nos próximos anos, considerando as projeções da produção. Entretanto, perderá market share para o etanol de milho, caindo de 83% em 2023 para 67% em 2034.
“Com o crescimento expressivo da produção de etanol em Goiás e o desempenho superior da soja e milho em termos de rentabilidade, o estudo oferece uma visão clara dos desafios e oportunidades para produtores e investidores da região. O que nos permite traçar melhores estratégias para garantir aos nossos associados segurança e informação para a continuidade e crescimento da agricultura na região”, finaliza a presidente da ADEAGRO.