terça-feira, 12 de agosto de 2025
Empresa goiana de tecnologia pede recuperação judicial

Empresa goiana de tecnologia pede recuperação judicial

Companhia com sede em Goiânia atribui crise à falta de semicondutores, alta do dólar e atrasos em pagamentos do setor público.

11 de agosto de 2025

A Tecno – IT Tecnologia, Serviços e Comunicação S/A, com sede em Goiânia, protocolou um pedido de recuperação judicial em 30 de julho. A empresa, conhecida por seus projetos de grande escala em infraestrutura de TI e cidades inteligentes, declarou um passivo total de R$ 70,6 milhões. Segundo informação publicada primeiro pelo portal Empresas em Crise (empresasemcrise.com).

O processo, que corre na 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia, aguarda a decisão sobre o deferimento do processamento. No entanto, o juíz concedeu uma tutela de urgência para proteger a empresa de execuções enquanto analisa a petição inicial.

Fundada em 2013, a empresa de tecnologia tem forte presença em contratos com os setores público e privado. Com atuação em mais de 50 cidades no Brasil e presença internacional por meio de seis filiais.

Desde 2021, a Tecno – IT vinha em forte expansão nacional e até mesmo internacional. Em maio de 2022, lançou uma série de debêntures no valor total de R$ 20 milhões. Em 2024, fez outra emissão, mas no montante de R$ 40 milhões.

A captação de recursos tinha como principal objetivo a expansão da Tecno – IT no país, com escritórios próprios. Além operações na Colômbia, Argentina, Uruguai e Chile.

Fatores da crise

Em sua petição, a Tecno – IT detalhou uma série de fatores externos que, combinados, levaram à grave crise de liquidez. Os principais motivos apresentados foram:

  • Crise global de semicondutores: a escassez de microchips, um legado da pandemia, provocou atrasos severos na entrega de projetos, especialmente os firmados com o setor púbico. Isso não só gerou multas contratuais como também inflacionou o custo de equipamentos importados, essenciais para suas operações.
  • Aumento dos custos operacionais: para dar conta da demanda de grandes projetos, a empresa quadruplicou seu quadro de funcionários especializados, elevando drasticamente os custos com a folha de pagamento.
  • Cenário macroeconômico desfavorável: a empresa afirma que a instabilidade econômica do último ano pesou sobre o seu caixa. A forte valorização do dólar em 2024 e o aumento da taxa Selic de 10% para 15% ao ano tornaram os insumos importados mais caros e encareceram o acesso a capital de giro.
  • Atrasos no orçamento da União: a demora na aprovação do orçamento federal em 2025 causou um efeito cascata, suspendendo ou atrasando repasses para municípios. E, consequentemente, o pagamento por serviços já prestados pela empresa.
  • Endividamento de alto custo: para tentar fechar as contas, a companhia recorreu a empréstimos com juros elevados, desembolsando cerca de R$ 5,9 milhões apenas em juros nos últimos seis meses.

O montante de R$ 70,6 milhões sujeito à recuperação judicial está distribuído principalmente entre fornecedores e instituições financeiras. Entre os principais credores quirografários estão Banco Santander, Banco Daycoval, Banco do Brasil, Sicoob Crediadag e Banco BS2. Além do fundo de investimentos JIF Créditos.

A empresa também possui um passivo tributário, que não entra na recuperação judicial e deverá ser negociado separadamente com os órgãos fiscais. O valor total desta dívida não foi divulgado.

Próximos passos

O pedido de recuperação judicial da Tecno-IT, protocolado sob o número 5601304-41.2025.8.09.0051, agora aguarda a decisão crucial do juiz sobre o seu processamento. A tutela de urgência já deferida é uma medida protetiva que impede o bloqueio de bens e o corte de serviços essenciais, permitindo que a empresa continue operando.

Se o pedido principal for aceito, a empresa ganhará um fôlego de 180 dias (o chamado stay period), durante os quais todas as ações e execuções contra ela são suspensas.

Nesse período, será nomeado um administrador judicial para fiscalizar as contas e mediar as negociações entre a Tecno-IT e seus credores. O objetivo final é a elaboração e aprovação de um plano de reestruturação que permita à companhia honrar suas dívidas e garantir sua sobrevivência no mercado.

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