Com a conquista do selo de origem para cristais, a expectativa é de crescimento do município, cujo PIB atual é de R$ 4,6 bilhões.
Os cristais e o turismo representam de 5% a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do município de Cristalina, no Entorno do Distrito Federal. Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) são de 2021 e apontam PIB de R$ 4,6 bilhões.
Apenas neste ano, segundo a Secretaria de Estado de Indústria e Comércio (SIC), Cristalina já exportou US$ 59 mil em pedras. A cidade é famosa por abrigar cristais como safiras, topázios azuis, ametistas e turmalinas.
O município goiano recebeu a certificação de Indicação Geográfica (IG) de Procedência para seus cristais de quartzo, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O reconhecimento oficializa a reputação dos cristais extraídos na região e abre caminho para novos investimentos e valorização dos itens produzidos no local.
“Somos reconhecidos mundialmente como a Cidade dos Cristais, mas ainda não tínhamos um documento oficial. Essa certificação valoriza nossa cultura garimpeira e beneficia artesãos, lapidários, ourives e mineradores”, afirma William Souto, vice-presidente da Associação dos Artesãos, Garimpeiros e Mineradores de Cristalina.
Ele destaca que, do ponto de vista econômico, o selo contribui no aumento do valor comercial dos cristais. E incentiva investimentos em diferentes etapas da produção, como extração mineral, lapidação e criação de peças artesanais.
“O cristal com origem certificada tem maior valor agregado, o que deve impactar positivamente as vendas. Isso pode gerar a necessidade de ampliar a produção e desenvolver novas peças”, explica.
A expectativa é de crescimento também em outras áreas. De acordo com o Sebrae Goiás, que atuou no apoio técnico do processo de certificação, a IG deve estimular a geração de emprego e renda, atrair novos negócios, fortalecer o turismo e ampliar o mercado consumidor.
A cidade está situada sobre uma das maiores formações de quartzo do mundo, conhecida como domo de cristal lemuriano. A jazida, de grande extensão geológica, abriga variedades como cristal branco, lemuriano, citrino, rutilado, fumê, e outros com características específicas e de interesse comercial, terapêutico e ornamental.
Com a certificação, os produtos confeccionados na cidade passam a utilizar o selo “Cristal de Cristalina”, garantindo aos consumidores a procedência e autenticidade dos cristais extraídos e trabalhados na cidade. O reconhecimento também protege o nome geográfico e evita o uso indevido por produtos de outras origens.
Além da atividade mineral, Cristalina tem forte presença no agronegócio, com uma das maiores áreas irrigadas da América Latina. Segundo a SIC, a cidade foi responsável por exportar US$ 20 milhões em produtos como algodão, cereais, produtos hortícolas, frutas, leite e produtos comestíveis de origem animal, entre outros.
Goiás possui atualmente duas certificações com Indicação de Procedência: além dos cristais de Cristalina, há o açafrão da Região de Mara Rosa e a prata de Pirenópolis. Outras estão em fase final de análise, como a jabuticaba de Hidrolândia e as esmeraldas de Campos Verdes.
Para o Sebrae, as Indicações Geográficas são instrumentos de valorização regional que promovem a identidade histórica e cultural dos produtos. Elas também ajudam a estabelecer padrões de qualidade e reforçam a competitividade dos produtores no mercado.
Em Cristalina, o selo pode marcar uma nova fase para um setor com mais de dois séculos de história.