Nos Estados Unidos, só 1% do capital aplicado está nos bancos e 99% em plataformas de investimentos. No Brasil, a situação é praticamente inversa, apenas 6% desse capital está aplicado em produtos financeiros como títulos públicos, ações e fundos de investimentos, os outros 94% estão em bancos, principalmente na poupança, que acumula atualmente cerca de […]
Nos Estados Unidos, só 1% do capital aplicado está nos bancos e 99% em plataformas de investimentos. No Brasil, a situação é praticamente inversa, apenas 6% desse capital está aplicado em produtos financeiros como títulos públicos, ações e fundos de investimentos, os outros 94% estão em bancos, principalmente na poupança, que acumula atualmente cerca de R$ 735 bilhões.
Os números apresentados pelo administrador e estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, durante evento em Goiânia, demonstram o quão diferente brasileiros e norte-americanos lidam com o dinheiro. E, por aqui, estamos muito atrasados no quesito de educação financeira, diz o especialista que veio à capital convidado pela Vertente Invest, empresa do Grupo Toctao.
“No Brasil há uma questão cultural muito forte que precisa ser mudada. O brasileiro tem muito receio em dizer como ele ganha e como aplica seu dinheiro. Percebo que ainda um grande tabu sobre falar em dinheiro. Assim, quanto mais conhecimento sobre o assunto e mais educação financeira, melhor para as pessoas que saberão investir melhor seu dinheiro com reflexos positivos para o país como um todo que, com certeza, crescerá mais e de forma sólida”, diz o especialista.
Na sala de aula
Hoje, explica Celson Plácido, algumas escolas particulares de ensino fundamental já incluem em sua grade curricular a disciplina de educação financeira, mas, na opinião dele, isso ainda é uma tendência. Nos próximos dois anos, a educação financeira deve chegar às salas de aula de todo o país, conforme prevê a homologação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O assunto agora está entre os temas transversais que irão compor os currículos de redes e escolas.
“As crianças devem receber desde cedo orientações em casa e na escola sobre empreendedorismo e administração financeira. São áreas de conhecimento que podem ajudar a se integrar no perfil de profissional de altas habilidades”, diz o estrategista-chefe da XP Investimentos.
A dica de Plácido para quem já tem uma vida financeira ativa é buscar os serviços de um assessor financeiro. “Esse profissional vai ajudar a pessoa a entender e conhecer seu perfil de riscos e auxiliar no seu planejamento financeiro”, diz.
Habilidades
Aliás, Plácido destaca que o domínio, mesmo que de forma básica, de áreas como educação financeira, empreendedorismo e direito constitucional tem se tornado cada vez mais necessário para quem quer ter um alto desempenho profissional.
Neste contexto, esclarece, existe a tendência de que no mercado de trabalho a competição por um bom posicionamento continue a se acirrar, com a distinção entre as atividades que requerem baixa habilidade e as que pedem alta habilidade. “Teremos de decidir em que classificação nós, nossos filhos e netos estarão ranqueados. Mas, para que a nossa escolha se torne realidade, é indispensável investir na educação financeira familiar, especialmente para as crianças que irão se deparar com um mercado com divisões ainda mais notórias”, diz.