Apenas duas empresas de capital nacional estariam ainda interessadas na compra: Equatorial Energia e Energisa SA.
As multinacionais estrangeiras do setor de energia elétrica desistiram de fazer oferta pela concessão da italiana Enel em Goiás (antiga Celg D). A informação é da agência Reuters. Apenas duas empresas de capital nacional estariam ainda interessadas na compra: Equatorial Energia e Energisa SA, segundo fontes do mercado, depois de analisarem os detalhes operacionais.
Entre as empresas que analisaram o negócio e desistiram de fazer ofertas estão a CPFL Energia, controlada pela chinesa State Grid Corporation, e a EDP Brasil, da portuguesa EDP. Esta última comprou em outubro do ano passado a Celg Transmissão por quase R$ 2 bilhões.
Segundo a Reuters, EDP e CPFL preferiram não entrar na concorrência pela Enel Goiás por não adquirir usualmente negócios que precisam de “turnaround”. A empresa de Goiás tem um dos piores índices de qualidade entre as distribuidoras brasileiras.
A multinacional italiana Enel espera vender por cerca de R$ 10 bilhões a sua operação em Goiás, incluindo a transferência de dívida. Pagou, há quase seis anos, R$ 2,1 bilhões para comprar a Celg-D, que já tinha o controle federal (Eletrobras), num leilão de privatização.
Mas, desde então, a Enel tem apresentado dificuldades para melhorar os índices operacionais em Goiás e é alvo constante de críticas no Estado, especialmente do governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Mesmo depois de anos de altos investimentos, alguns indicadores ainda estão abaixo do exigido pela agência reguladora Aneel.
O índice de duração de interrupções de energia, conhecido como DEC, não alcançou o patamar exigido no ano passado e a Enel poderia perder a concessão em Goiás se continuar abaixo do exigido esse ano. A empresa pode apresentar à Aneel como alternativa ao descumprimento um plano para mudança de controle acionário.
A Enel afirmou para a Reuters que quintuplicou os investimentos anuais em relação ao que era feito antes da privatização, para cerca de R$ 1 bilhão. E que a duração das interrupções de energia caiu 40% desde 2017.
A Equatorial e Energisa são experientes em assumir empresas de energia com índices ruins de qualidade e torná-las rentáveis. A Equatorial, entretanto, fez uma grande aquisição neste ano, pagando R$ 7 bilhões pela empresa de energia eólica e solar Echoenergia.