sábado, 4 de maio de 2024
Embargo para a China pode prejudicar a pecuária goiana

Embargo para a China pode prejudicar a pecuária goiana

Representantes dos pecuaristas de Goiás aguardam com apreensão os desdobramentos em torno do embargo às exportações de carne para a China.

23 de fevereiro de 2023

China é o maior mercado consumidor de carne produzida em Goiás

Representantes dos pecuaristas do Estado de Goiás aguardam com apreensão os acontecimentos em torno do embargo às exportações de carne brasileira para a China. A decisão foi anunciada ontem (22/2) pelo Ministério da Agricultura, depois de confirmado um caso de encefalopatia espongiforme bovina, a doença da vaca louca, em um animal idoso em Marabá (PA). Isso porque o protocolo entre Brasil e China para comércio de carne não estabelece prazo para análise, providências e retomada das importações.

Portanto, os representantes das entidades ouvidos pelo EMPREENDER EM GOIÁS (EG) são unânimes em citar a qualidade do sistema brasileiro de fiscalização sanitária.

Em 2019, em uma situação semelhante, aconteceu embargo à importação de carne brasileira. Mas durou 13 dias. Em 2021, dois casos atípicos foram registrados, em Minas Gerais e Mato Grosso. Entretanto, dessa vez, a China demorou mais de três meses para retomar as importações de carne brasileira. Convém frisar que a China é o maior mercado consumidor de carne produzida em Goiás, com uma fatia de 60% das exportações. Isto é: do total de R$ 1,4 bilhão de dólares exportados por Goiás em carnes em 2022, R$ 840 milhões foram para a China.

“Não sabemos como a China está neste momento. Mas se ela resolver pisar no freio, o impacto poderá ser muito ruim”, avalia o analista técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag) Marcelo Penha. Ele defende investimentos em pesquisas direcionadas para a doença da vaca louca. Além disso, Penha pontua que o embargo aconteceu em um momento já desfavorável para os produtores. Porque há maior oferta de carne no mercado interno. Assim, um bezerro que chegou a valer R$ 3 mil, hoje é cotado em R$ 1,8 mil.

Cautela

Presidente do Fundo para o Desenvolvimento da Pecuária em Goiás (Fundepec), Antônio Flávio Camilo de Lima defende que o momento é de manter a calma. “No mercado há muita especulação e os especuladores se aproveitam de momentos como esse para fazer lucro. Portanto, é preciso que o produtor tenha cautela”, pondera. Aliás, o Fundepec é um fundo emergencial mantido pelos próprios produtores e reúne oito entidades. “De forma responsável, o Ministério da Agricultura fez o que deveria ser feito. Espera-se exatamente isso de um sistema de defesa sanitária responsável e transparente”, destaca Antônio Flávio.

Presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira enfatiza a preocupação para a economia goiana, grande exportadora de carne bovina para a China. “Precisamos reforçar os mecanismos de controle e prevenção da sanidade animal como um todo de modo que estes ou outros eventos desta natureza não coloque em risco o trabalho de anos dos órgãos privados, governamentais e produtores rurais. A preocupação é maior agora, que ostentamos o ‘status’ de estado livre de aftosa sem vacinação”, diz.

Confiabilidade

“É sempre lamentável qualquer problema sanitário que ocorra na nossa pecuária brasileira. Essa suspensão automática das exportações logicamente prejudica um segmento importante da nossa economia”, observa Tiago Mendonça, secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ele acrescenta que, de forma prática, essa suspensão é uma medida de praxe e demonstra que o sistema brasileiro de fiscalização sanitária está funcionando com eficiência. “Aliás, esse é um dos motivos de alta confiabilidade da pecuária nacional”, ponderou ao EG.

Conforme Tiago Mendonça, no momento ainda não é possível estimar os prejuízos que serão causados. “É preciso aguardar uma apuração mais profunda do caso para ver quanto tempo vai demorar”, resume. As amostras coletadas foram enviadas para um laboratório de referência no Canadá para saber se é um caso atípico da doença. “Segundo o Ministério da Agricultura, tudo indica que é um caso atípico, que ocorre de forma espontânea em animais mais velhos, sem transmissão”, frisa.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou esperar retomar as vendas para a China ainda neste mês, antes da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva àquele país. Segundo ele, a China foi informada do caso no fim de semana, quando ainda era uma suspeita.

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