Lideranças do setor demonstram preocupação com efeitos da reforma tributária, dos juros altos e com a safra agrícola.
O comércio em Goiás prevê um cenário de incertezas para 2024. A maior parte dessas dúvidas é por causa da regulamentação da reforma tributária. O presidente da Federação do Comércio de Bens e Serviços e Turismo do Estado de Goiás (Fecomércio-GO), Marcelo Baiochi, destaca que Goiás traz algumas vantagens econômicas em relação ao resto do país. Como crescimento acima da média nacional, desemprego em baixa e realização de investimentos. Entretanto, a incerteza sobre a situação fiscal no país deixa o setor apreensivo.
“Precisamos ver como vai ficar a regulamentação da reforma tributária para que ocorra atração de investimentos. Entretanto, só serão atraídos se o governo conseguir garantir segurança jurídica, inflação baixa e um ambiente político estável”, afirma. Segundo Baiochi, a situação fiscal é preocupante. “Se a gente tem déficit de R$ 200 bilhões, isso afasta os investidores”, frisa.
Na avaliação do presidente da Fecomércio-GO, 2023 foi um ano razoável. As empresas conseguiram voltar às suas atividades normais, recompondo finanças, estoques, para uma possível oportunidade de crescimento. “Porém, é preciso destacar que a economia nacional é como a doméstica. Se a pessoa gastar mais do que ganha, vai ficar apertada e pagará mais juros, ficando sem dinheiro para realizar investimentos”, comparou.
Neste ano, segundo Baiochi, o resultado das vendas do comércio também poderá ser afetado pelas consequências das irregularidades que as condições climáticas estão provocando no agronegócio. “A estiagem vai afetar a safra deste ano. Provavelmente, não teremos safrinha. Tudo isso interfere no poder aquisitivo”, frisou.
A expectativa do comércio é de que pelo menos seja mantido o desempenho de 2023 e que o setor não sofra queda nas vendas. “Nós representamos 70% do Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás. O setor de comércio é o termômetro da economia local”, reforça.
O presidente da Facieg, Márcio Luis da Silva, critica a falta de ações práticas por parte do governo federal. Principalmente, para que haja redução do ambiente de polarização no campo político e empresarial e ajude no desenvolvimento econômico do país. “Pelo contrário, o que estamos acompanhando são diversas ações de agressão ao setor produtivo e de aumento do déficit público, criando quase 40 ministérios, cargos e mais cargos. Isso tudo vai inibir ações de investimento”, frisa.
Segundo ele, parte expressiva dos associados da entidade demonstra muita apreensão sobre o que pode estar por vir. “Um cenário de muitas incertezas pela frente vai transformando 2024 num mistério”, afirma. Márcio Luís também reforça as incertezas na reforma tributária como um dos principais entraves para o crescimento do setor em 2024. Segundo ele, o maior sentimento que paira entre os associados da entidade é para “se manterem vivos” ao longo do ano.
“Em específico para Goiás, a reforma tributária é desastrosa. O Estado passou nos últimos anos por uma revolução econômica. Antes, concentrado quase exclusivamente na produção agrícola, agora temos um parque industrial pujante. Isso em grande parte ocorreu não só por causa da nossa localização geográfica (coração do Brasil), mas também por força dos incentivos fiscais”, argumenta.
Além disso, complementa Márcio Luís, a repartição de receitas, com essa reforma, prioriza os estados consumidores. “Com isso, Goiás terá uma redução considerável na sua arrecadação. O que, com certeza, também irá refletir sobre o nosso mercado consumidor interno, com menos recursos”, afirma.