Entidade das usinas de etanol defende que os veículos flex poluem menos e são mais práticos que os elétricos, além de serem mais baratos.
A crescente vendas de carros elétricos no Brasil e no mundo tem gerado uma discussão sobre qual modelo é mais eficiente e sustentável: os veículos flex e híbridos ou eletrificados? Presidente do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Etanol e Açúcar do Estado de Goiás (Sifaeg) , André Rocha, questiona alguns dados propagados por montadoras de veículos movidos 100% a energia elétrica.
O executivo afirma que para a fabricação de um modelo elétrico utiliza-se a mesma quantidade de carbono usada que na produção de seis veículos híbridos. E a mesma quantidade de 54 veículos flex. Além disso, André Rocha destaca que o etanol emite menos gás efeito estufa do que o veículo elétrico no Brasil. Ele cita dados do site Agro Global, que um veículo híbrido com etanol emite 29 g/CO.e/km. Já o elétrico emite 65 g/CO.e/km.
André Rocha lembra que há outros fatores que ainda colocam os carros elétricos como não vantajoso para os consumidores. Como preços de venda e pontos de carregamento, o que não acontece com os veículos que utilizam gasolina ou etanol.
“O carregamento rápido ainda demora. Você tem carregamento rápido que é de 55 minutos para chegar a 80% da bateria do carro. Na Europa, é mais caro você pagar pelo carregamento rápido de um carro elétrico do que se fosse completar o tanque com gasolina”, diz.
Além disso, o presidente da Sifaeg argumenta que o combustível do futuro estabelece o conceito das emissões do poço ao túmulo. Ou seja: verifica a origem do combustível da fonte de energia (para estabelecer o nível de emissões) e não somente o conceito atual do “tanque a roda”.
Isso porque, frisa André Rocha, passa a falsa impressão de não poluição. Mesmo quando o carregamento do veículo movido a bateria (elétrico) é feito por uma fonte fóssil (termelétricas a diesel ou carvão, por exemplo).
E ainda estabelece que o Brasil irá utilizar a partir de 2027 o conceito de “berço ao túmulo” – que verifica o consumo de CO2 desde os componentes utilizados na fabricação do veículo e também ao “descarte” dos mesmos ao fim da vida útil.
Segundo o presidente da Sifaeg, o governo federal adotou durante muitos anos políticas erradas para incentivar o uso da gasolina e, consequentemente, estimular um combustível mais poluente. Porém, agora, estão sendo trabalhados quatro projetos: a questão do mercado de carbono, o Mover (Mobilidade Verde), o combustível do futuro que exige a diminuição de gases de efeito estufa (descarbonização) e da transição energética.
“Nós consideramos que são pontos positivos para a valorização do setor. Já temos o RenovaBio, um programa em execução desde 2017. Então, tudo isso estimula as empresas a buscarem eficiência, ajuda a sociedade e o consumidor poder ter menos carbono no seu dia a dia. Isso é positivo para o meio ambiente e para a saúde pública”, afirma.
André Rocha lembra também o Combustível do Futuro, projeto de lei enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional, que pode aumentar a porcentagem de etanol na gasolina de 27% para 30%. Segundo ele, a ação é positiva para o setor. Destaca ainda a possibilidade do etanol como combustível de avião (SAF), o que pode levar a um aumento nos investimentos do segmento.