A empresa, que concentra suas operações na região do Vale do Araguaia, no Nordeste Goiano, tem dívidas que somam R$ 680 milhões.
Uma das maiores empresas de agricultura irrigada do Brasil, a Elisa Agro teve o seu pedido de recuperação judicial acatado nesta semana pela Justiça de Goiás. A empresa, que concentra suas operações na região do Vale do Araguaia, no Nordeste Goiano, tem dívidas que somam R$ 680 milhões. Ao todo, a Elisa Agro emprega 180 pessoas em Britânia (GO), a 330 quilômetros de Goiânia.
Além de dívidas com bancos, fundos de investimentos e fornecedores, R$ 327 milhões são dívidas com detentores de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs). A Elisa Agro emitiu os papéis para financiar o seu plano de expansão em 2020 e 2021, que demandou R$ 500 milhões em investimentos. Dos 76 pivôs que irrigam uma área de 7,2 mil hectares, a companhia instalou 58 nos dois primeiros anos da pandemia da Covid-19.
Os problemas começaram com a própria pandemia, que desorganizou a logística do comércio global. Com isto, a chegada de muitos dos equipamentos comprados pela empresa atrasou. Além disso, o contágio da Covid-19 causou interdições dos alojamentos dos trabalhadores, o que também a implantação dos equipamentos e a geração de receitas para a companhia.
Outro fator que complicou o fluxo de caixa da Elisa Agro foi a queda nos preços dos preços agrícolas, depois da forte alta na pandemia, quando atingiram picos históricos em 2022. A empresa cita o exemplo a soja, cuja saca chegou a valer R$ 200 há dois anos. Mas atualmente caiu para a casa de R$ 120.
A consultoria Alvarez & Marsal, especializada em reestruturações corporativas, assessora a Elisa Agro. A empresa também avalia ofertas para vender seu controle. A companhia é da família que também controla a Mitre, incorporadora especializada no mercado de imóveis de alto padrão em São Paulo.
O pedido de recuperação judicial da Elisa Agro está longe de ser um caso isolado no agronegócio brasileiro nos últimos dois anos. O setor tem sido afetado desde o final da pandemia, seguida pela guerra na Ucrânia, alta dos juros, problemas climáticos e desvalorização das commodities agrícolas.
Segundo levantamento do jornal Valor, 80 produtores rurais entraram com pedido de recuperação judicial entre janeiro e setembro de 2023 no Brasil. Isto representa 300% a mais que o de todo o ano anterior (2022).