As empresas precisam se preparar para trazer a inteligência artificial para o centro de seus negócios, afirmam especialistas.
Imagina você bater um carro e ter que passar por todo o processo de orçamentos para poder entregar ao seguro. Para, assim, fazer uma análise de toda a documentação e aprovar ou não aqueles valores para ter o seu veículo arrumado. Esse processo já demorou mais de 44 horas para ser concluído. Agora, pode ser feito em 10 minutos. Isso graças a uma empresa goiana que adotou a inteligência artificial para solicitar esse entrave e dar mais celeridade ao processo.
Elze Neto, que é head de Inteligência Artificial na Cilia, conta que, atualmente, os principais clientes são as seguradoras e as oficinas. A Cilia oferece, desde 2011, um sistema no qual essas empresas conseguem acompanhar o orçamento, compra de peças e o reparo do veículo tudo de maneira digital.
Anteriormente, existia um sistema, mas que funcionava de maneira in loco, sem qualquer ligação com a internet, o que levava a análise de todo processo.
“A partir do momento em que ocorre o sinistro automotivo, aquela pessoa aciona a seguradora, que vai acionar o guincho, se for necessário, passa para essa pessoa uma oficina próxima para que ela leve o veículo. A partir desse momento, a oficina vai ter a plataforma do Cilia para fazer todo o orçamento do carro. Vai colocar as peças, subir as fotos, vai detalhar os dados daquele veículo e vai enviar isso para a seguradora”, reforça.
Hoje, a Cilia conta com mais de 1 mil clientes em que denomina como ecossistema automotivo. São 25 seguradoras, as oito principais locadoras de veículos, mais de 240 órgãos federais atendidos, cerca de 4,2 mil oficinas mecânicas e mais de 2.470 fornecedores de peças.
Para Elze, a IA conseguiu levar a uma automação do processo e veio para somar à inteligência humana e não substituí-la. “A gente está potencializando essas pessoas, por exemplo, aqui no ramo de seguros. Um analista de seguradora deve analisar vários orçamentos e, se não há mão de obra para que isso acontecesse, não conseguiria, de imediato, saber qual é o mais fácil e qual é o mais difícil. A IA faz isso para a pessoa mais especializada fazer da melhor maneira possível. Ou seja, maximizando o seu processo”, reforça.
No ano passado, a empresa recebeu um investimento de mais de R$ 115 milhões para desenvolver ainda mais o uso da IA nos processos internos.
Outra pessoa que viu a IA como aliada no seu processo de levar uma melhor experiência para o seu cliente foi Denise Rasmussen, que é especialista em Comunicação Estratégica, e atua na área na Sidkron Cyber Security. Para ela, a IA ajudou muito a melhorar o relacionamento com os clientes, já que ela constantemente precisa realizar ajustes em textos, disparos de e-mail marketing, agendamento de reuniões e até mesmo no desenrolar da própria reunião.
“Com a ferramenta que transcreve o texto e dá um resumo de tudo, facilita ajustar uma ata e deixar tudo registrado, por exemplo. Também ministramos treinamento para usuários online e ter algo que traga um resumo, facilita bastante. Até mesmo na hora de criar os treinamentos. Porque a ferramenta faz uma busca e traz os links dos sites que falam do mesmo assunto. Logo, facilita o trabalho de pesquisa”, destaca.
Ela destaca que nunca chegou a calcular a otimização do tempo, mas que a IA ajudou muito na produtividade. Assim como Elze, Denise pontua que não é possível dispensar o conhecimento técnico humano na confecção de tarefas. Mas que, com o auxílio da tecnologia, ela pôde dar atenção a outras faces da empresa.
“Quem empreende precisa pensar em várias coisas ao mesmo tempo, além de executar. Quando economiza tempo com execução, tem mais tempo para pensar em estratégia de negócios e identificar pontos de melhoria. Sai do automático e deixa a IA fazer isso, para poder olhar para o que requer pensamento humano. Em resultados financeiros ainda não sei te falar. Mas, no sentido de movimentação do negócio, como agora estou tendo mais tempo para me dedicar à parte de estratégia, mais clientes têm nos procurado”, pontua.
As empresas, dos mais diversos segmentos, precisam se preparar para trazer a inteligência artificial para o centro de seus negócios. A avaliação é do diretor de IA Brasil da IBM, Thiago Viola. “Não dá para ter a IA apenas como algo opcional ou que tenha o carimbo da diretoria. É preciso pegar o processo “core” de uma empresa e fazer a inteligência artificial pulsar por meio de um processo de transformação e inovação”, enfatizou.
Thiago Viola foi um dos palestrantes do DC Talks, promovido pela Everest Digital na terça-feira (19/3) em Goiânia, que tem como propósito trazer à tona discussões relevantes sobre tecnologia e inovação.
Para o diretor da IBM, um importante desafio a ser enfrentado por empresas e governos que querem se beneficiar da IA é identificar qual o modelo mais indicado para cada caso.
“A primeira vontade de testar e utilizar pode levar para uma zona de difícil retorno. É preciso saber o que efetivamente se vai usar, como usar e se, ao final do dia, aquilo que está sendo implementado traz valor agregado para o que se necessita. Há muitas condições de uso da IA que, efetivamente, têm alto valor agregado, com baixo custo e alta eficiência e produtividade”, afirmou.
CEO da Everest Digital, Gleysson Araújo destacou a importância de aprofundar o debate sobre a IA. “ A Inteligência Artificial pode transformar os negócios. Nosso objetivo é proporcionar uma forma simples para a implementação dessa tecnologia nas empresas”, disse.