quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
Engenheiro ambiental, o goiano Viníciu Fagundes já teve peças feitas com elementos do Cerrado expostas em cenários de novelas globais.
Os conhecimentos como engenheiro ambiental contribuíram para que o goiano Viníciu Fagundes Bárbara se tornasse artesão. Uma veia artística que ultrapassou o hobby e o fez se tornar empreendedor. Atualmente, ele divide o tempo entre ser professor no Instituto Federal de Goiás (IFG), servidor público do Ministério Público e dono do Estúdio Tutoia.
Ele explica que produz as peças com elementos ambientais e frutos do Cerrado. Com o objetivo de ressaltar três aspectos básicos: a cultura popular botânica, meio ambiente e arte popular.
“Eu uso elementos da natureza limpos, secos e tratados, que muitos chamam de cascas. Mas que, na verdade, se chamam cápsulas. São os frutos secos, que, naturalmente, vão apodrecer e virar descartes vegetais. A partir deles, eu crio quadros e esculturas botânicas, com diferentes linguagens, peças botânicas, esculturas botânicas de parede, de chão”, revela.
Viníciu conta que esses frutos secos correspondem a 90% da matéria-prima das peças criadas. Mas que também utiliza fibras, folhas e até galhos bem tratados. A veia artesã se desenvolveu durante a pandemia, para ocupar a mente e, também, para decorar a própria casa. Familiares viram as peças e o incentivaram a colocá-las em exposição na internet. A partir daí, Viníciu viu uma demanda muito grande na procura dos quadros.
Os quadros de Viníciu pararam no horário nobre da TV Globo. Seis peças estiveram presentes nos cenários da novela Terra e Paixão. A emissora ainda comprou mais três peças que estão expostas no cenário do programa Mais Você. Além disso, ganhou reconhecimento como um dos dez artesãos destaques em uma seletiva interna do Centro de Referência ao Artesanato Brasileiro (CRAB), no Rio de Janeiro.
“Eles criaram uma exposição, que se chamou Solo Criativo e ficou aberta ao público no Rio de Janeiro por quase quatro meses. Essa exposição acontecia junto com os demais artesãos selecionados. Eu me senti muito honrado com essa conquista também. Então, uma coisa vai puxando a outra. Tem sido uma trajetória muito interessante”, destaca.
E não para por aí. Viniciu já fez obras para o governo de Goiás, usadas como prêmios da Secretaria do Meio Ambiente, e para o Sebrae. Agora, está preparando a sua primeira exposição solo, que se chamará Arte Popular: Natureza em Nós.
A princípio, eram 48 peças, mas oito já tiveram que ser retiradas às pressas para atender um pedido do Banco do Brasil. A exposição será realizada até o dia 14 de novembro, de segunda a sexta, no Sesc Centro. As peças variam de R$ 300 a R$ 4 mil.
Viniciu Fagundes tem recebido muitos convites para exposições, mas tem agradecido pelo fato de não ter estoque das peças. Ele conta que, cada peça demora, em média, dois dias e meio para ficar pronta. Dependendo do tamanho, por mês, ele consegue fazer de oito a 15 peças. O fato de não ter estoque demonstra que todas as peças feitas são vendidas rapidamente.
“É bom por um lado, mas é ruim por outro, porque, às vezes, também aparecem situações de venda que a pessoa quer para hoje ou para amanhã, para dar de presente. Eu acabo perdendo vendas em função disso. O meu principal canal de comercialização é o Instagram e posto apenas peças que estão disponíveis. Geralmente, vendem no mesmo dia ou na mesma semana”, afirma.
As peças de Viníciu já foram parar em quase todos os estados brasileiros, mas um forte potencial de vendas é Minas Gerais. As peças também já foram para Inglaterra, Portugal e Estados Unidos.
“Eu acho que é um sinal de que a aceitação dos trabalhos está interessante e, se o pessoal está procurando e querendo, é porque gosta e a tendência é isso ir aumentando ao longo do tempo”, prevê.
Viníciu faz parte dos quase 11 mil artesãos, mestres e artistas populares que são cadastrados ao Sistema do Artesanato Goiano, que é vinculado à Secretaria de Estado da Retomada.
