A Pesquisa Índice de Consumo das Famílias (ICF), realizada este mês pela Confederação Nacional do Comércio, revela que 40,8% das famílias goianienses estão comprando menos do que no ano passado. Destaca também que 27,7% das famílias acreditam que o consumo será menor este ano do que o registrado em 2024.
A pesquisa ainda destaca que 24,2% das famílias estão comprando mais e 35% estão comprando a mesma coisa. Os dados ainda mostram que 33% acreditam que vão consumir mais que o ano passado e 38% acham que vão adquirir igual ao ano passado.
A pesquisa também levantou a situação atual de crédito dos entrevistados: 45% acreditam que está mais difícil comprar a prazo; 42% acham que está mais fácil e para 9,8% avaliam que está igual ao ano passado. O levantamento ouviu 500 famílias de Goiânia durante os dez últimos dias do mês de março.
Análise
Para o presidente da Fecomércio-GO, Marcelo Baiocchi, o cenário econômico brasileiro contribui com a expectativa de queda de consumo. Ele explica que os meses de maio a agosto compõem um período de baixa na aquisição de bens. Os juros altos e o longo parcelamento de compras ajudam no cenário desfavorável e acabam inibindo o consumidor de comprar mais.
Marcelo Baiocchi reforça o discurso de preocupação devido à alta da taxa Selic, que está em 14,25%. Segundo ele, a elevação dos juros causa um efeito cascata negativo sobre a cadeia de consumo.
“É o consumidor que compra menos e o comércio e indústria que vendem menos. Isso gera demissões e empobrecimento da população em geral”, pontua, ao colocar a culpa no déficit fiscal provocado pelo Governo Federal devido à falta de uma política econômica eficaz.
Mão de obra
Marcelo Baiocchi, que é empresário, também critica os atuais moldes das políticas sociais. Para ele, as decisões tomadas não estão revertendo o cenário da baixa produtividade, o processo de desindustrialização do Brasil e a escassez quase crônica de mão de obra especializada. “Hoje as pessoas não querem trabalhar e, quando vêm, não querem ser registradas para não perder os benefícios sociais”, reforça.
O presidente da Fecomércio Goiás afirma ser a favor do que chamou de “bolsa econômica”, que consiste em proporcionar o auxílio social, mas incentivar o beneficiário a sair dessa situação. Para isso, segundo ele, é necessário buscar a profissionalização para inserção dessa pessoa no mercado de trabalho.
“Hoje o Sistema S – Senac, Senai, Senai – e diversos outros oferecem cursos gratuitos e não tem quem os faça se qualificar para trabalhar. Então, é surreal a situação onde nós temos atividade econômica, querendo contratar, mas não tem mão de obra e com o consumo diminuindo. Tem muita coisa errada que precisa ser mudada. Infelizmente, a atual política econômica do governo federal é desastrosa para o país”, frisa.