Pesquisa constatou que 66,5% da área produtiva (cana-de-açúcar) no Brasil já conta com cobertura móvel 4G ou 5G. Em Goiás é bem menos.
Um estudo inédito realizado pela ConectarAGRO, em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), revelou que o campo em Goiás ainda tem baixa conectividade digital. O levantamento usou como base de pesquisa as áreas de cana-de-açúcar. Constatou que 66,5% da área produtiva no Brasil já conta com cobertura móvel 4G ou 5G. Em Goiás, entretanto, esse porcentual chega apenas a 37%.
A pesquisa identificou que o Brasil possui 9,3 milhões de hectares plantados com cana-de-açúcar na safra 2022/2023. Desse total, 6,19 milhões de hectares têm acesso à internet móvel de alta velocidade.
A conectividade no campo é fator essencial para modernização da agricultura e adoção de novas tecnologias. Possibilita a implementação de soluções tecnológicas como sensoriamento remoto, monitoramento em tempo real e máquinas autônomas.
Os estados líderes na produção da cultura também são os mais conectados. São Paulo, maior produtor do país, possui 5,6 milhões de hectares cultivados e 76% dessa área com cobertura móvel. Já Minas Gerais (53%) e Goiás (37%) apresentam níveis de conectividade variáveis, evidenciando o potencial de expansão da infraestrutura digital no campo.
A conectividade no campo permite não apenas a automação e otimização da produção, mas também a disseminação do conhecimento entre os produtores rurais. O acesso à internet viabiliza assistência técnica remota, cursos online e consulta de dados estratégicos, tornando-se um diferencial competitivo para o setor sucroenergético.
O estudo destacou uma correlação relevante entre níveis de conectividade e produtividade em áreas irrigadas. Em Fernando Prestes (SP), município com 100% de cobertura móvel, a produtividade atinge 85.000 kg/ha. Já em Alto Araguaia (MT), que não dispõe de cobertura móvel, esse índice é de 47.470 kg/ha.
“Vale lembrar que essa relação não quer dizer, necessariamente, que uma coisa causa a outra. A produtividade no campo depende de vários outros fatores, como o clima, a altitude, o tipo de solo, a temperatura e até o jeito como a terra é cuidada”, ressalta Paola Campiello, presidente da ConectarAGRO.
A relação entre tecnologia e eficiência produtiva reforça a importância de políticas públicas e iniciativas privadas voltadas para a ampliação da conectividade no campo. O acesso à internet de qualidade não é apenas uma questão de modernização, mas um fator decisivo para a competitividade do setor agrícola brasileiro. Regiões com maior cobertura digital demonstram melhor aproveitamento dos recursos naturais, maior eficiência na gestão da produção e menores perdas.