quinta-feira, 2 de maio de 2024
A empresa goiana Quente Caliente foi eleita, por três vezes, a melhor do mercado erótico do Brasil. Confira os segredos deste sucesso.
A empresária goiana Calianer Paglia tem se destacado no mercado nacional de produtos eróticos. A sua empresa Quente Caliente cresceu mais de 100% nos últimos três anos e foi eleita, por três vezes consecutivas, a melhor do Brasil pela Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico (Abeme). Seu segredo: falar sobre sexo de uma forma leve de divertida e ao mesmo tempo investir em profissionalismo para oferecer produtos diversos.
Com apenas 33 anos de idade, Calianer acaba de inaugurar a sua segunda loja física no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia. O investimento foi de pouco mais de R$ 300 mil. Entretanto, antes de ter sucesso neste mercado, a jovem empresária teve de superar vários desafios.
Ao EMPREENDER EM GOIÁS ela revelou que conheceu esse universo aos 15 anos com o seu pai que, já idoso, não conseguia mais trabalhar com mecânica de caminhões. Inesperadamente, ele investiu em uma loja de produtos eróticos. Contudo, na época, se limitava a cabines onde eram reproduzidos filmes para os clientes.
Logo depois, aos 16 anos, Calianer foi emancipada para poder trabalhar legalmente com o pai. Dessa forma começou a atuar nesse mercado. Entretanto, havia poucos produtos em catálogo e os pedidos eram feitos por telefone. Seu pai chegou a dar uma loja para ela cuidar. “Não deu certo. Eu era muito jovem, com apenas 19 anos, e não soube valorizar. Quebrei”, resume.
Depois dessa frustração, Calianer estudou, formou-se em marketing e voltou a ajudar o pai em outra loja. “Eu entrava em conflito com os funcionários dele”, lembra. A jovem iniciou outras duas faculdades, de arquitetura e publicidade e propaganda, mas não chegou a terminar. E, quando o pai estava muito doente, descobriu que estava grávida de gêmeos.
Passou a gestão inteira se desdobrando entre hospital, UTI, internações. Quarenta dias depois que os gêmeos nasceram, o pai de Calianer morreu. Ele havia deixado as lojas para o irmão dela. “Eu fiquei muito aflita, sem trabalho, com dois bebês. Pedi ajuda ao meu irmão e ele me deu uma das lojas, a que tinha o movimento mais fraco na época”, relata.
Calianer assumiu a loja do Setor Coimbra. Tinha duas funcionárias, pagava aluguel e o faturamento era pouco. “Além de tudo, não me agradava. O visual era desagradável, causava constrangimento, havia cabines”. Então, ela decidiu arrancar as cabines do local e ficar só com o sex shop. Alugou outra sala, na mesma Rua 210, contratou um arquiteto e definiu que queria um lugar onde as pessoas pudessem entrar sem constrangimento.
Em 10 de fevereiro de 2016, ela abriu a Quente Caliente. “Era uma loja linda, mas no início fui aos trancos e barrancos, vendo aspectos empresariais para os quais precisava acordar”, diz. A sensação de que ainda faltava alguma coisa continuou acompanhando a empreendedora. Ela decidiu estudar mais, viajar, conhecer outras experiências. “Apesar de tudo, o lucro ainda era pouco”, frisa.
Foi quando ela teve um insight e foi participar de um grande evento de marketing com um palestrante renomado. A impressão que ela teve, ao longo do evento, foi de que a cada pergunta feita pela plateia ele oferecia uma solução. “Mas, no meu caso, ele não soube me orientar, o mercado erótico ainda era incipiente”, diz. “Foi quando eu percebi que tinha de fazer uma mudança em mim. Eu tinha um negócio lindo, mas não estava imersa nele, ainda tinha medo, timidez”, frisa.
Quando voltou para Goiânia, Calianer começou a gravar vídeos para as redes sociais. Foi um sucesso, que fez o negócio decolar. Hoje, seu perfil no Instagram (@calianer) tem mais de 18 mil seguidores. Ela fala de prazer e bem viver com desenvoltura, bom humor e elegância. O perfil da loja (@quentecaliente) tem mais de 90 mil seguidores. Há inclusive perfis fakes, com nomes parecidos, que copiam a iniciativa dela. Paralelamente a esse crescimento nas redes sociais, ela investiu na profissionalização de seus funcionários e do negócio como um todo.
Sobre seus planos para o futuro, a empresária revela que está formatando processos internos da empresa para saber o que é viável: abrir novas lojas ou, talvez, criar uma franquia. Seu nome se tornou referência no País e Calianer tem sido procurada por marcas de produtos eróticos, um mercado que se profissionalizou no Brasil. “Os erros vêm para nos fazer aprender”, analisa.
Ela continua fazendo muitos cursos e estimulando sua equipe a fazer o mesmo. “Não basta ter um negócio bonito e gostosinho. Tem de ser lucrativo e vantajoso”, ensina.
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