segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
Goiás se destaca nacionalmente na produção de milho

Goiás se destaca nacionalmente na produção de milho

A estimativa é de que a safra goiana de milho tenha um aumento quatro vezes maior que a média nacional.

29 de janeiro de 2025

Responsável por 10,5% da produção agrícola do país, Goiás se firmou como o quarto maior produtor nacional de grãos. Segundo dados mais recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra goiana deve bater o recorde histórico neste ano: previsão de 33,7 milhões de toneladas. Se confirmado, representará aumento de 11,4% em relação à safra anterior.

Embora o agronegócio goiano seja mais conhecido por sua produção de soja, o estado também se destaca nacionalmente com o cultivo de milho. A estimativa é de que a safra goiana 2024/25 tenha aumento de 12,7%, somando 12,7 milhões de toneladas. Enquanto isso, a produção nacional deve crescer apenas 3,3%, com 119,5 milhões de toneladas.

Esse protagonismo goiano teve reconhecimento na 7ª edição do Fórum Getap, que premia os vencedores do Concurso de Produtividade no Milho Inverno 2024. No total, 183 produtores de dez estados se inscreveram, dos quais 119 foram auditados e concorreram em duas categorias: cultivo irrigado e sequeiro.

O que chamou atenção é que entre os seis vencedores de ambas as categorias, metade deles é de Goiás. Como o produtor e engenheiro agrônomo Kaio Fiorese, de Água Fria de Goiás/GO, que colheu 232,1 sacas por hectare (sc/ha), segundo colocado na categoria irrigado.

Sustentabilidade

Entre os pilares da propriedade está o foco na sustentabilidade com a adoção de práticas de manejo diferenciados, intensificadas nos últimos seis anos. “Certificamos toda a produção de soja e milho da fazenda. Tanto eu, quanto o meu pai (Fiorese) e meu irmão (Henrique Fiorese), passamos a conciliar produtividade com ações de preservação do meio ambiente com iniciativas dentro e fora da porteira, pensando sempre no cuidado do solo e o manejo racional”, destacou.

Atualmente o grupo Fiorese planta na primeira safra 5.750/ha, sendo deste total aproximadamente 2.500/ha irrigados. Além do milho e soja, a propriedade também cultiva feijão e trigo. Graças a tecnologia da irrigação, no local é possível fazer até três safras por ano, o que possibilita um giro de produção de 11,5 mil/há, cultivados nessa mesma área.

O engenheiro agrônomo atribui a um conjunto de fatores ter atingido a segunda maior média de produção de milho do país. “Sempre estamos atentos às necessidades das plantas, como a adubação, nutrição e a correção do solo. Além disso, preciso haver cuidado com a condução do ciclo, desde um plantio de qualidade até a colheita, acompanhando o dia a dia da lavoura”, detalhou o engenheiro agrônomo.

Outro diferencial apontado por Fiorese é a preocupação de estar antenado em relação às pesquisas e tecnologias de ponta. “Todo esse cuidado nos ajuda também na escolha dos melhores produtos para controle de novas doenças e pragas que possam aparecer. A pesquisa nos auxilia, principalmente no ganho de tempo, nos deixando sempre à frente”, acrescentou.

Experiência

Quem também tem se destacado no cultivo de milho é a fazenda da produtora Avanilda Santeiro, de Mineiros/GO, segunda colocada no prêmio Getap na categoria sequeiro. A fazenda Invernadinha de 1.930/ha atingiu a marca de 230 sc/ha de produtividade. De acordo com Rodrigo de Souza Magalhães, mesmo sem utilizar pivôs na irrigação das lavouras mantiveram ótimo desenvolvimento graças à combinação de alguns fatores.

O primeiro ponto, apontado pelo profissional, é o clima favorável para o cultivo de milho, pois a fazenda tem boa altitude, em torno de 900 metros. Segundo ele, são áreas antigas, de quase meio século, que são bem manejadas e entregam boa produtividade.

“O milho é uma cultura extremamente técnica e que não permite erros, portanto, buscamos os materiais que melhor se destacam e são adaptados a nossa região. Somado a isso, investimos bem em fertilidade, manejo, controle de doenças e pragas, pois é uma cultura que melhor nos remunera e juntamente com a soja, está consolidada em nossa região”, destacou.

Foco no manejo

Também com o cultivo de milho no sequeiro, o produtor Luis Carlos Granemann, de Portelândia/GO, chegou à terceira colocação com a produção de 228,6 sc/ha. A área inscrita pertence a Fazenda Flores de Rio Verde a qual possui área própria de 350/ha, onde são cultivados soja no verão e milho na safrinha.

“A cada ano temos investido melhorando a produtividade e assim alcançamos bons resultados. O clima e a altitude da nossa região ajudam demais também”, afirma.

Entre os diferenciais para uma colheita tão expressiva, o produtor salienta os investimentos contínuos que realiza. “Damos muita atenção desde o perfil do solo até a escolha dos materiais mais adaptados a nossa área e ao manejo. Nos últimos três anos principalmente, demos um salto na produção com a adoção de micronutrientes, juntamente com a maior assertividade nas aplicações e bom maquinário. É uma soma de fatores que juntos contribuem para o aumento da produtividade”, frisou.

Desafios e potencial

O maior desafio atualmente, de acordo com Granemann, tem sido o clima e sua instabilidade. Somado a isso, o controle de pragas e doenças também requer atenção. “Utilizando os biológicos temos conseguido ter bons resultados principalmente no controle da cigarrinha, algo que até algumas safras era um grande problema. O manejo preventivo é um diferencial”, apontou.

Quanto ao potencial do estado, o produtor reforça a topografia privilegiada somada às boas condições de clima e terras de excelente qualidade. “As estações de chuva são bem definidas aqui e no caso do milho a altitude elevada e as noites frescas ajuda muito na resposta da produção”, disse Granemann.

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