quarta-feira, 16 de julho de 2025
BC prevê que juros devem ficar altos por longo tempo

BC prevê que juros devem ficar altos por longo tempo

O BC avalia que o aumento dos juros ainda terá impacto contracionista na economia brasileira nos próximos trimestres.

24 de junho de 2025

Os juros básicos do Brasil, definidos pelo Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central (BC), não devem cair neste ano. Na semana passada, a taxa Selic subiu para 15% ao ano, uma das maiores taxas reais nas últimas duas décadas. E deve continuar assim, pelo menos, até dezembro deste ano.

Segundo a ata do Copom sobre a decisão da semana passada. O BC avalia que o aumento dos juros ainda terá efeito na economia brasileira nos próximos trimestres. Ou seja: as últimas altas da Selic ainda não geraram os resultados esperados. O objetivo do BC é claramente reduzir a atividade econômica do país, para que a inflação fique realmente dentro da meta.

“Para assegurar a convergência da inflação à meta, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, enfatizou a ata do Copom.

Embora o Comitê sinalizou que a alta para 15% ao ano da Selic deve ser última, não garante que novos aumentos nos juros básicos possam ocorrer no futur. Vai depender “dos impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados. E então avaliar se o nível corrente da taxa de juros é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”.

Motivos

O Banco Central aponta vários motivos para manter os juros altos por período prolongado. No ambiente externo, as restrições econômicas (tarifas) impostas pelos Estados Unidos e os impactos das guerras nos preços internacionais.

Em relação ao cenário interno, o crescimento da economia brasileira. “Indicadores de atividade econômica ainda tem apresentado algum dinamismo, mas observa-se certa moderação no crescimento”, citou o Copom. “Espera-se que tais efeitos (da alta dos juros) se aprofundem nos próximos trimestres (na economia)”, enfatizou.

O BC também cita a alta na perspectiva de consumo das famílias, que pode estar influenciado pelo mercado de trabalho aquecido (baixo desemprego) e o mercado de crédito. “Com a redução expressiva da taxa de desemprego para níveis historicamente muito baixos, o mercado de trabalho tem dado bastante suporte ao consumo e à renda”.

No crédito às pessoas físicas o Copom citou o aumento do comprometimento da renda familiar com o serviço das dívidas e um aprofundamento do fluxo de crédito negativo. Ou seja, maior pagamento do que contratação de dívida por parte das pessoas físicas.

Pressão fiscal

Entretanto, o BC também afirma claramente que o governo federal tem importante parcela de responsabilidade para os juros altos. Por conta da sua política fiscal, especialmente em relação ao crescimento dos gastos públicos, que também pressionam a inflação.

“A principal conclusão compartilhada por todos os membros do Comitê foi de que, em um ambiente atual, exige-se uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”, disse a ata.

“Tal cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado para assegurar a convergência da inflação à meta”, enfatizou.

Saiba mais: Copom sinaliza que pode interromper alta dos juros

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