sábado, 27 de abril de 2024
A inócua redução do IPI para estimular as vendas

A inócua redução do IPI para estimular as vendas

Na tentativa de estimular a economia, o governo federal irá reduzir o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) em 18,5%. A alta da Taxa Selic, que passou de 2% , para 10,75%, até dezembro, de 2021, combinada com uma taxa de desemprego de 13%, de quem procurou emprego nos últimos dois anos, e de 5%, de quem procurou por empregos nos últimos três anos, tem prejudicado a retomada da economia num cenário de pandemia.

2 de março de 2022

Por Júlio Paschoal

Na tentativa de estimular a economia, o governo federal irá reduzir o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) em 18,5%. A alta da Taxa Selic, que passou de 2% , para 10,75%, até dezembro, de 2021, combinada com uma taxa de desemprego de 13%, de quem procurou emprego nos últimos dois anos, e de 5%, de quem procurou por empregos nos últimos três anos, tem prejudicado a retomada da economia num cenário de pandemia.

As vendas esfriaram após as festas de final de ano e nem mesmo as promoções foram capazes de restabelecer as vendas. As dificuldades já se fizeram presentes na Black Friday e se repetiram no natal, com o crescimento das vendas na ordem de 5% em relação ao mesmo período de 2020.

A expectativa do governo com a medida é estimular as vendas de eletrodomésticos, veículos e outros produtos provenientes do setor industrial. A questão que se coloca é que a leitura da equipe econômica do governo federal sobre a inflação está totalmente equivocada.

A mesma defende que os preços vêm subindo porque há uma pressão de consumo sobre oferta, o que não tem ocorrido, pela alta dos juros básicos e o desemprego elevado.

A desinformação tem feito o Banco Central travar a economia pelo encarecimento do crédito. Deveria fazer o contrário facilitar o crédito, por uma política de redução das taxas de juros. Uma medida como essa estimularia a capitação de recursos por parte das empresas e consequente as auxiliariam realizar novos investimentos. Como a orientação do Banco Central é outra, ao invés de voltar a reduzir os juros básicos, o Ministério da Economia optou pela redução do IPI.

No caso tanto dos veículos quanto de eletroeletrônicos, o aumento de preços tem se dado pela falta de componentes importados ou não para compor os produtos e/ou veículos e não em razão do imposto sobre produtos industrializados.

Portanto, a redução desse imposto em 18,5%, pode derrubar a arrecadação e não surtir o efeito esperado em termos de vendas, já que no preço final irá mudar muito pouco ou será imperceptível.

Não obstante a tudo aqui já mencionado, há também os problemas decorrentes do conflito bélico entre a Rússia e a Ucrânia, fortes produtores de petróleo, gás natural e fertilizantes. As commodities por lá produzidas, a continuar a guerra, tendem a influenciar nos preços da economia. O barril do petróleo já passou de US$ 100, enquanto  os fertilizantes, utilizados nos produtos do agronegócio, também subirão puxando os preços para cima.

Diante disso a redução do IPI sobre os produtos industrializados tende a ser inócua nesse momento para estimular as vendas. Ou seja, a aposta do governo federal para estimular a economia pode não ser a esperada, o que deixaria o governo ainda mais preocupado num ano de eleições para o Parlamento e o Executivo tanto nos Estados, como na União.

Júlio Paschoal é economista e professor da UEG.
julioalfredorosa@gmail.com

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