As famílias empresárias representam 90% dos empreendimentos no Brasil. Apesar disto, apenas 24% se preparam para a sucessão. Em Goiás o desafio é ainda maior.
A sucessão em empresas familiares é um assunto que requer uma abordagem profissional, sob pena de perda do negócio e do patrimônio. Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão a dimensão do assunto e da urgência com que ele precisa ser administrado: as empresas com esse perfil são responsáveis por mais da metade do PIB brasileiro e empregam 75% da mão de obra no país.
No Brasil, as famílias empresárias representam 90% dos empreendimentos. Apesar dos números expressivos, apenas 24% dessas empresas se preparam para a sucessão, uma etapa fundamental para garantir a longevidade e manter a competitividade. A conclusão é da 10ª Pesquisa Global sobre Empresas Familiares – 2021.
Mas se a família deseja que o empreendimento seja duradouro, o planejamento sucessório é fundamental e permite não só economizar com tributos, mas também organizar toda a passagem do patrimônio para os sucessores e herdeiros de forma simples e desburocratizada.
Mais ainda. Segundo o IBGE, na transição da primeira para a segunda geração, o índice de mortalidade das empresas é enorme. “Essa mortalidade pode ser evitada com a implantação da governança corporativa e familiar”, diz Melina Lobo, conselheira de administração e consultora de empresas familiares de capital fechado.
Para ela, considerando a grande quantidade de empresas em Goiás, ainda é tímido o número das que têm iniciativas concretas de planejamento da sucessão familiar.
“Isso ocorre primeiro porque não é um tema fácil de ser tratado, pois há muito receio de se falar sobre a sucessão, pois geralmente é considerada como morte ou ausência do fundador ou fundadora. Quando a sucessão é considerada como continuação, há maior facilidade na condução do processo de passagem do bastão da liderança. Segundo porque há um preconceito de que é muito caro organizar o processo, sendo destinado apenas para as grandes empresas”, diz.
Presidente da Comissão de Direito das Sucessões da OAB-GO, Laura Landim ressalta que a gestão de uma empresa diverge dos papéis que constam no contrato social. “Em alguns casos, nem sempre o herdeiro ou um dos herdeiros poderá ser o melhor administrador para a gestão da empresa. Para evitar os conflitos se faz necessário um planejamento sucessório para se manter a saúde da empresa mesmo após a morte do administrador fundador”, explica a advogada.
Entre os benefícios do planejamento, Laura Landim destaca evitar conflitos entre a propriedade e gestão , minimizar as disputas entre familiares após um momento que é delicado a família (pós-óbito), preservar que os familiares herdeiros continuem tendo um convívio harmonioso, preservar a legalidade na sucessão de forma mais eficaz e eficiente e reduzir custos inerentes ao inventário litigioso.
“Pode ser instituída também a governança administrativa, que são ferramentas de direção, monitoramento envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”, sugere a presidente da Comissão de Direito das Sucessões.