A preocupação é que o aumento nos preços dos imóveis ocorre em um cenário marcado pela estagnação da economia e a queda na renda dos trabalhadores.
Depois de aumentos sucessivos nos custos dos insumos, a mão de obra foi a principal responsável pela variação do Custo Unitário Básico (CUB) da construção civil em Goiás, que subiu 3,1% em maio. É um cenário que assusta o setor. Maio é o mês da data-base dos trabalhadores do setor, que tiveram um reajuste de 12% negociado em convenção coletiva.
O reflexo imediato desse componente no CUB de maio foi de pouco mais de 6%. Mas ele deverá continuar influenciando os custos até o fim do ano, prevê o presidente do Sinduscon-GO, Cezar Mortari. Além da mão de obra, pesaram também os aumentos dos preços do cimento, que tiveram impacto de mais de 6%, e do concreto, com mais de 8%.
A variação acumulada do CUB no ano de 2022 é de 9,3%, bem mais alto que a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) para Goiânia no acumulado de janeiro a maio, que foi de 5,2%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Nosso custo subiu muito acima da inflação do período”, diz Mortari ao EMPREENDER EM GOIÁS. A previsão é de que os preços continuem aumentando. “O reflexo do custo da mão de obra só não foi maior porque alguns foram admitidos há menos de 12 meses. Mas, com o tempo, esse aumento será incorporado”, prevê. “Esse aumento acima da inflação em um setor tão estratégico é preocupante e exige medidas urgentes de controle da inflação”, cobra Mortari.
A preocupação é que o aumento nos preços ocorre em um cenário marcado pela estagnação da economia e a queda na renda dos trabalhadores. “Isso é muito ruim porque o poder de compra não vai acompanhar a valorização dos preços dos imóveis”, afirma o presidente do Sinduscon-GO.
Mortari observa que há aumentos benéficos para a economia, quando ocorre uma valorização orgânica, acompanhada de aumento na renda dos trabalhadores. Mas não é o caso da situação atual. “A inflação está alta, assim como os juros, parece que uma coisa alimenta a outra. É preciso que esse quadro mude”, alerta o empresário.
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