sábado, 27 de abril de 2024
A Taxa Selic no Brasil

A Taxa Selic no Brasil

Tida como vilã da economia, a Taxa Selic dá início a uma nova trajetória

3 de agosto de 2023

Tida como vilã da economia, a Taxa Selic dá início a uma nova trajetória. Ela nada mais é do que a taxa de juros que remunera os títulos públicos lançados pelo governo federal no mercado para retirar moeda de circulação ou auxiliar no equilíbrio fiscal.

A decisão de reduzir ou elevar essa taxa é do Banco Central. Para tanto, a instituição leva em conta dois tipos de cenários econômicos: interno e externo.  No externo, pesa a decisão de elevar ou não as taxas de juros americanas para conter a inflação que está em 5%. Portanto, acima do centro da meta, atualmente fixada em 2%.

Uma outra preocupação assenta na extensão da guerra entre Rússia e Ucrânia, haja vista  que o Brasil depende de fertilizantes produzidos pela Ucrânia que, com o fechamento do mar pelos russos,  dificulta as exportações e aumenta os preços do insumo para o agronegócio.

No mercado interno, o que importa são as ações do governo federal para reduzir o déficit fiscal de curto prazo. Há dois instrumentos importantes na visão do mercado: a aprovação da reforma tributária e do arcabouço fiscal pelo Congresso Nacional. Tanto um como outro tem o papel de reduzir o déficit fiscal e abrir as portas para o crescimento com desenvolvimento econômico.

A primeira etapa da reforma foi aprovada na Câmara e pelo jeito, apesar de prejudicar os Estados com baixo consumo dentre eles Goiás, deve ser aprovada até o final do ano. Isso sem fazer a principal modificação, que é a de manter o sistema de tributação na produção e não no destino, como aprovada.

Na esteira desta está o arcabouço fiscal que, pela primeira vez, ataca a despesa, limitando esta no primeiro ano em 70%, da receita. O não cumprimento deste percentual  a limita no segundo ano a uma despesa de 50% da receita e ocorrendo o mesmo no segundo ano, em 30% no último ano, inviabilizando o governo.

O ataque à despesa de forma contundente e as possibilidades de novas receitas tributárias tranquilizaram de certa forma o Banco Central, o levando a reduzir a taxa de Selic em 0,50%, alcançando 13,25%. A redução se materializa ou também porque a inflação acumulada está em 3,19%, abaixo do centro da meta, que é de 3,5%.

Portanto, o ambiente neste 2 de agosto em que se realizou a 252ª reunião do Comitê de Política Monetária era favorável à queda e ela de fato se verificou.  A redução em 0,50% implicará na redução do custo do crédito, o que deve levar as empresas a contraírem financiamentos para novos investimentos, fato esse favorável a geração de empregos e renda na economia.

A continuarem esses cenários positivos e a inflação se mantiver em queda, nas próximas reuniões do Copom, provavelmente os juros continuarão a cair, o que favorecerá a produção em detrimento do rentismo.

Júlio Paschoal é economista e professor da UEG

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One thought on “A Taxa Selic no Brasil”

  1. Angelo Cavalcante disse:

    Excelente análise, professor… É isso!!!