Em entrevista exclusiva, presidente da Equatorial Goiás fala dos desafios e perspectivas futuras para a rede de energia no Estado. Confira.
A Equatorial Goiás garante que, desde que assumiu a concessão da rede energia elétrica em janeiro deste ano, investiu mais de R$ 1,3 bilhão no Estado. Entretanto, afirma que, por conta do estado de degradação do sistema que encontrou, necessitará de mais tempo para entregar um serviço de maior qualidade. E também para atender as novas demandas por energia, especialmente de empesas em expansão ou que estão se instalando em Goiás.
É o que afirma o presidente da Equatorial Goiás, Lener Jayme, em entrevista exclusiva ao EMPREENDER EM GOIÁS (EG). “Podemos afirmar que não faltarão recursos e nem emprenho da companhia para melhorar o fornecimento de energia do estado”, diz o executivo. Entretanto, justificando que a empresa está na Bolsa, não pode antecipar os investimentos futuros na rede de distribuição de energia em Goiás. Confira a entrevista na íntegra:
Ao assumir a concessão goiana, a Equatorial Goiás realizou um diagnóstico completo da rede elétrica. Onde identificamos que: 44% das unidades transformadoras de distribuição de energia apresentam sobrecarga; 72% dos circuitos são monofásicos (com apenas um recurso de fornecimento); e 14% dos ativos da concessão depreciados.
No entanto, estamos vivendo no Brasil e no mundo uma outra situação que está contribuindo para o comprometimento do fornecimento no estado. Trata-se do El Niño, que trouxe calor excessivo para o Centro-Oeste e Sudeste do Brasil e ciclones na Região Sul. Esta condição climática está desencadeando, por exemplo, em desligamentos das empresas transmissoras de energia. O que afetam diretamente o suprimento das distribuidoras como nós, em suas áreas de concessão.
Soma-se a isso que os desarmes dos disjuntores de entrada dos clientes não estão dimensionados para o aumento de consumo. Tratam-se de mais equipamentos ligados e por mais tempo, como o ar condicionado.
O Grupo Equatorial Energia, desde sua chegada a Goiás, no fim de dezembro de 2022, enfrenta o desafio de uma rede obsoleta e sobrecarregada. E, agora, condições climáticas adversas com temperaturas mais altas que o normal. Para enfrentar esta situação, a Equatorial Goiás executou um programa de investimentos de aproximadamente R$ 1,38 bilhão somente no primeiro semestre de 2023. E pretende alocar muito mais recursos para evoluir na qualidade e confiabilidade do fornecimento de energia.
Os investimentos aconteceram na melhoria da rede de distribuição, construção de 4 novas subestações, 150 mil podas de árvores, manutenção preventiva em mais de 3 mil disjuntores e religadores, instalação de 390 novos transformadores, construção de 136 quilômetros de novas redes de média tensão e instalação de cerca de 220 mil espaçadores. Eles evitam toque entre os cabos quando algum objeto cai sobre a rede.
Os investimentos no fornecimento de energia continuarão dentro do planejamento e cronograma da empresa, inclusive antecipando algumas obras. Estimamos que a melhora acontecerá de forma contínua e gradativa.
Os investimentos em expansão de rede atendem uma demanda enorme reprimida, permitindo a ligação de diversas indústrias e empresas, Brainfarma, Grupo José Alves, do Campus da Universidade Federal de Goiás (UFG) em Aparecida de Goiânia, entre outros projetos. Além das ligações citadas acima, somente no primeiro semestre, a Equatorial entregou três grandes obras para Goiás: a Subestação Aparecida, incluindo mais uma Linha de Distribuição de Alta Tensão (LDAT); a linha Goianésia – Barro Alto e a Subestação Riviera – Parque Atheneu, em Goiânia.
Já no início do segundo semestre, a companhia entregou a reconstrução da Subestação Anápolis Universitário e a ampliação e melhorias nas Subestações Daia e Jundiaí. Também anunciou a previsão de entrega da nova linha Pireneus-Daia para novembro. No início de 2023, a Equatorial Goiás também realizou mutirões de reformas elétricas em 92 cidades da concessão, com o objetivo de trazer maior tecnologia à rede e substituir equipamentos obsoletos por outros, mais modernos.
Em parceria com as prefeituras, a companhia de energia vem implementando, desde março, campanhas de poda nas 237 cidades da concessão. E a partir do segundo semestre, um novo sistema de monitoramento de pontos de iluminação pública, também em todo o Estado, para apoiar os municípios responsáveis pela gestão e manutenção deste serviço.
Como se vê, obras importantes para garantir o aumento da capacidade de distribuição de energia. Sem elas, não seria possível trabalharmos para reconstruirmos a rede. E, num futuro próximo, minimizarmos as quedas de energia que o goiano tem sentido em sua casa, no seu negócio. Um trabalho de recuperação acontecerá gradativamente, ano após ano.
Por ser uma empresa de capital aberto, com ações na Bolsa, não podemos estimar investimentos futuros. Mas podemos afirmar que não faltarão recursos e nem emprenho da companhia para melhorar o fornecimento de energia do estado. Os investimentos continuarão de forma intensa e expressiva, atendendo intervenções a curtíssimo prazo, curto, médio e longo prazos.
Tal qual a situação do Rio Grande do Sul e do Amapá, empresas adquiridas recentemente, a Equatorial Goiás encontrou uma rede elétrica obsoleta e sobrecarregada no estado. Agravada por condições climáticas adversas e com temperaturas mais altas que o normal.
Os investimentos no fornecimento de energia acontecem para que as melhorias sejam sentidas continuamente e gradativamente. Acredito que houve uma má-interpretação na minha declaração. O grupo Equatorial Energia, em Goiás ou em outra concessão, está sempre preparado da melhor forma possível para eventos climáticos. Mas, o que queremos informar, é que a rede elétrica ainda não está pronta da forma como queremos, devido ao pouco tempo de nossa chegada e por ser impossível que todos os problemas se resolvam de forma instantânea. Entendemos a ansiedade e desejo de toda população e ela também é nossa. Reafirmo que estamos trabalhando diuturnamente para reverter o atual cenário.
Desde quando os termômetros começaram a marcar temperaturas mais altas, a Equatorial Goiás tem identificado aumento no consumo médio residencial dos goianos. O mês de setembro ficou em aproximadamente 197 kWh por instalação, que representa um aumento de 11% quando comparado ao mesmo mês do ano passado e de 13% na comparação com agosto deste ano.
Para se ter uma ideia, normalmente o consumo médio residencial dos goianos fica na faixa de 166 kWh. A onda de calor provocou sobrecarga na rede elétrica de todo o País. O Operador Nacional do Sistema (ONS) registrou aumento de quase 7% na demanda de carga em todo o Brasil, em algumas regiões do estado o percentual foi de 16% no mês de setembro.
Durante todo o ano de 2023 o cliente goiano está apresentando consumo médio residencial bem acima dos resultados de 2022. Esse quadro pode ser justificado pelo crescimento do uso de aparelhos de ar-condicionado, que estão cada vez mais acessíveis para a população. Pelo aumento da geração de energia solar, que reduz a preocupação do cliente com o consumo de energia. E também por conta da ausência das bandeiras tarifárias, que mantém o preço da energia mais baixo.
Por ser uma empresa de capital aberto, com ações na Bolsa, não podemos estimar dados financeiros futuros.
O Grupo Equatorial Energia está sempre atento a oportunidades nos segmentos que atua. Mas não comenta sobre possibilidades específicas de negócios ou aquisições.