As usinas sucroenergéticas já estão se mobilizando junto às montadoras de veículos e ao governo federal em busca de uma alternativa para colocar o etanol como uma das soluções globais para mover carros elétricos, além da eletricidade, sem gerar poluentes. A proposta dos empresários é acelerar pesquisas para uso do etanol em carros híbridos e […]
As usinas sucroenergéticas já estão se mobilizando junto às montadoras de veículos e ao governo federal em busca de uma alternativa para colocar o etanol como uma das soluções globais para mover carros elétricos, além da eletricidade, sem gerar poluentes. A proposta dos empresários é acelerar pesquisas para uso do etanol em carros híbridos e também movidos a célula de combustível, por meio da retirada do seu hidrogênio para movimentar o motor elétrico.
Na semana passada, o presidente do Sindicato das Indústrias de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg), André Rocha, se reuniu com a diretoria da Caoa/Cherry, que tem fábrica em Anápolis. Já os representes da Unica (União da Indústria de Cana de Açúcar) estiveram com os dirigentes da VolksWagen no Brasil, além de contatos no governo federal, através do Ministério de Minas e Energia, da Infraestrutura e da Agricultura, para tratarem do assunto. Nestas reuniões, a ideia de tornar o etanol uma solução global para reduzir a emissão de poluentes de veículos foi consenso entre todos.
As usinas e montadoras preocupam-se com a tendência mundial da opção do carro movido a energia por causa da poluição (há locais em que o fornecimento da energia vem de fontes fósseis. O carro não emite poluentes, mas a eletricidade que ele usa vem de uma usina a diesel ou carvão), da dificuldade de abastecimento e da escassez da energia. Em alguns países (exemplo China e os europeus) a energia vem de fonte poluidora, como o carvão mineral. Em outros – Brasil, Índia, Indonésia, Tailândia, África do Sul e os da América Latina -, embora a maior fonte de energia seja a hídrica, há a questão da queda da produção em virtude do baixo índice fluviométrico. “Isto poderia comprometer o abastecimento dos carros elétricos no futuro”, alerta André.
Os dois setores da iniciativa privada (usinas e montadoras) dizem estar dispostos a investir na empreitada. Gigantes do petróleo enfrentam o desafio da adaptação à economia verde. Para o Brasil, uma das vantagens seria o uso de um combustível farto no País, a preservação da infraestrutura de postos de distribuição – são mais de 36 mil postos em operação – e a não necessidade de postos de recarga. No caso da célula de combustível, a energia seria gerada dentro do próprio carro com uma pegada de carbono muito baixa, de cerca de 29 gramas de CO2 por quilômetro rodado. Nos carros com motores a gasolina a geração de carbono é de 156 gramas, com o etanol cai para 37 gramas de CO2 por km. “Carros com motor híbrido é a tecnologia do futuro”, aposta o presidente do Sifaeg.
A sugestão de formar essa frente para tornar o etanol uma solução global para os carros movidos a energia elétrica partiu do presidente da Volkswagen América do Sul e Brasil, Pablo Di Si, para quem a nova tecnologia “poderia dar ao Brasil outra dimensão a nível global” para o projeto de eletrificação veicular. Para desenvolver o projeto, o executivo tem apoio do presidente mundial da Volkswagen, Herbert Diess. Em recente entrevista, ele disse que “o etanol é adequado para a etapa intermediária de um acionamento totalmente elétrico” e que “existe uma indústria no Brasil para isso”.
As usinas goianas endossam a proposta da Única, que já tem o aval de 150 associadas, e de algumas montadoras. Mas a ideia é que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) assuma o projeto. A nova investida de colocar o etanol como um dos protagonistas do “combustível verde” ocorre num momento em que todo o mundo discute formas de reduzir emissões. “Com todas as tormentas da pandemia da covid-19, uma das coisas que ficou de pé foi a demanda por uma mobilidade sustentável.
O presidente da Unica, Evandro Gussi, cita que com o uso do etanol em carros elétricos, teríamos uma fonte energética de baixíssima pegada de carbono aliada à eletrificação, que traz ainda mais eficiência para o processo. Ele lembra que o Brasil já tem experiências e cita os casos da Toyota, fabricante no Brasil do Corolla híbrido flex, que permite o uso de gasolina ou etanol para gerar a energia da bateria. E ainda, os estudos da Nissan para uso do etanol de segunda geração como fonte de energia de veículos a célula de combustível e o projeto da Fiat de um motor só a etanol, que vai reduzir a diferença de consumo do combustível da cana de açúcar, hoje 30% maior que o da gasolina.
Muito bom