segunda-feira, 29 de abril de 2024
Juros básicos já são os mais altos desde julho de 2019

Juros básicos já são os mais altos desde julho de 2019

O Copom do Banco Central aumentou ontem a taxa básica de juros, a Selic, de 5,25% para 6,25% ao ano, o maior patamar desde julho de 2019 e a quinta elevação consecutiva neste ano. O “risco fiscal” do Brasil e o impasse para a aprovação de reformas do governo estão entre as razões para o […]

23 de setembro de 2021

O Copom do Banco Central aumentou ontem a taxa básica de juros, a Selic, de 5,25% para 6,25% ao ano, o maior patamar desde julho de 2019 e a quinta elevação consecutiva neste ano. O “risco fiscal” do Brasil e o impasse para a aprovação de reformas do governo estão entre as razões para o novo aumento dos juros. Definida com base no sistema de metas de inflação, a Selic é o principal instrumento do Banco Central para conter a alta de preços. Por isso, quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic, e a reduz quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas. Nos últimos doze meses, a inflação (IPCA) acumula alta de 9,68%, bem acima dos 3,75% estipulados como meta para 2021.

A elevação da Selic tem repercussões em várias áreas da economia, afetando o custo de crédito, investimentos das empresas e até a geração de empregos. Felipe Sichel, estrategista-chefe do Modalmais, alerta que o movimento de retração da atividade econômica como consequência da Selic mais alta é “quase mecânico”. O ciclo de alta de taxa de juros e a crise hídrica devem afetar o crescimento da economia brasileira no ano que vem.

A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) divulgou nota criticando o aumento da taxa de juros, por gerar desestímulo ao consumo, sobretudo de bens duráveis. “Para a classe produtiva, o encarecimento do crédito freia ainda mais a produção e os investimentos acabam sendo destinados à aplicações financeiras. Isso faz com que aumente a ociosidade da indústria, que já vem prejudicada pela pandemia da Covid-19”, avaliou o presidente da entidade, Sandro Mabel.

Após um período de seis anos sem sofrer aumentos, chegando a atingir o menor patamar histórico de 2%, em agosto/2020, a série de aumentos da Selic foi retomada em março deste ano. Na análise da assessora econômica da Fieg, Januária Guedes, caso se confirme as expectativas para os índices de preços, o indicador pode subir ainda mais até dezembro. “A Selic pode chegar a 8,25% ao final do ano, a maior taxa desde setembro de 2017”, afirmou.

Consequências da alta dos juros

  • A elevação da taxa de juros, o aumento do juro básico da economia, resulta em taxas bancárias mais elevadas, tendo impacto maior na linha de crédito para aquisição da casa própria (pois os valores são mais altos), mas também em financiamento de veículos e até mesmo no crediário do comércio. Vale lembrar que o governo também aumentou neste mês o IOF, que também impacta no custo final dos empréstimos.
  • O aumento da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos, impactando, assim, o Produto Interno Bruto (PIB). Ou seja: menos investimentos, menos empregos e menor renda.
  • O aumento da taxa básica da economia gera uma despesa adicional com juros da dívida pública. Ou seja: o governo federal gastará mais para pagar suas dívidas, consequentemente, sobrará menos para saúde, educação, etc.
  • Cadernetas de poupança e aplicações financeiras em renda fixa tendem a render um pouco mais. Com o juro básico em 6,25% ao ano mais taxa referencial (TR), por exemplo, a poupança passará a render 4,37% ao ano, contra 3,67% ao ano, mais TR (com taxa Selic em 5,25% ao ano). Mesmo assim, o rendimento da poupança segue perdendo da inflação.

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