sábado, 27 de abril de 2024
Teto de gastos: analistas preveem mais aumento de juros

Teto de gastos: analistas preveem mais aumento de juros

Depois de uma semana passada tensa em função do teto de gastos, analistas preveem que os juros podem subir ainda mais no Brasil nas próximas semanas.

25 de outubro de 2021

Depois de uma semana agitada no governo Bolsonaro em função do Auxílio Brasil, a certeza entre os analistas é de que o cenário econômico brasileiro pode piorar. Desde o anúncio do novo valor do programa social, de R$ 200 para R$ 400, as instituições brasileiras vêm revisando suas projeções para a taxa de juros. Para a próxima semana, na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC), a aposta é de alta de 1,25 a 1,5 ponto. Em 2022, algumas instituições já estimam os juros na casa dos 10% (Credit Suisse fala em 10,5%; XP fala em 11%).

Os efeitos da manobra do governo no teto de gastos para financiar o substituto do Bolsa Família serão sentidos no ano que vem, reforçando um cenário já previsto por economistas: o de crescimento baixo com inflação alta – estagflação.

Para emplacar o Auxílio Brasil de R$ 400 e o consequente estouro do teto de gastos, Jair Bolsonaro obteve a anuência do ministro da Economia, Paulo Guedes, tido como o liberal mais ortodoxo a ocupar o cargo. Como uma indicação de que o ministro não será um entrave às iniciativas do governo, Bolsonaro afirmou ontem que ele e Guedes vão “sair juntos” e “bem lá na frente”. O estouro do teto custou a saída de quatro integrantes do Ministério da Economia e uma reação forte do mercado financeiro, mas o ministro mostrou mais uma vez alinhamento com Bolsonaro e cobrou do Congresso aprovações de reformas que, segundo ele, viabilizariam o auxílio de R$ 400.

Instabilidade
Mas, em que pese o discurso alinhado e os afagos, a situação do ministro foi instável nos últimos dias da semana. Dois representantes de Bolsonaro estiveram em São Paulo sondando possíveis substitutos para Guedes. Havia o temor de que ele se demitisse diante do ataque à política fiscal, mas isso não aconteceu, e o ministro incorporou o discurso da necessidade de elevar o Auxílio Brasil. Com isso, Bolsonaro foi na tarde de sexta-feira ao Ministério da Economia sacramentar a rendição, dizendo ter “confiança absoluta” em Guedes, que, por sua vez, negou ter pedido demissão, como circulou em Brasília.

Só que o estrago no mercado já estava feito. O drible no teto de gastos mexeu com o Ibovespa, o principal índice do mercado de ações brasileiro, que encerrou a semana com o pior fechamento do ano e acumulou um tombo de 7,28%, a pior queda no período, voltando ao patamar de novembro do ano passado. No fim do pregão, o índice terminou a sessão em queda de -1,34%, aos 106.296 pontos. O dólar chegou a bater os R$ 5,72, mas fechou com queda de -0,70%, cotado a R$ 5,63.

Com a quebra do teto, os remanescentes da área técnica do Ministério da Economia veem fragilidade fiscal e temem novos avanços da ala política do governo para viabilizar projetos de potencial eleitoral. Embora seja feito com o objetivo de reeleger Bolsonaro, o desmonte do teto para o Auxílio Brasil vai deixar uma bomba-relógio para explodir no colo do presidente que assumir em janeiro de 2023, dizem especialistas.

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