domingo, 28 de abril de 2024
A importância da Pesquisa e Desenvolvimento – P&D

A importância da Pesquisa e Desenvolvimento – P&D

Há alguns anos, ministrei uma palestra sobre a educação metodista na América Latina, na Yonsei University, uma das maiores da Coreia do Sul, localizada em sua capital Seul. Ao chegar naquela instituição de educação superior, me deparei com prédios modernos, funcionais e muito bem construídos, o que se imagina de uma universidade daquela envergadura.

21 de dezembro de 2021

Paulo Borges Campos Jr.

Há alguns anos, ministrei uma palestra sobre a educação metodista na América Latina, na Yonsei University, uma das maiores da Coreia do Sul, localizada em sua capital Seul. Ao chegar naquela instituição de educação superior, me deparei com prédios modernos, funcionais e muito bem construídos, o que se imagina de uma universidade daquela envergadura. Indagando um dos diretores da Yonsei a respeito daquelas construções, ele me respondeu que tudo aquilo havia sido pago pela Hyundai, uma gigante do setorautomobilístico mundial, sediada naquele país, que em troca recebe da universidade boa parte da pesquisa & desenvolvimento usados na inovação de seus processos produtivos.

A Hyundai, representada pela CAOA Montadora, possui uma unidade na cidade de Anápolis, em Goiás. Ao ouvir as explicações daquele diretor, entendi, mais claramente, uma das razões da enorme distância do Brasil em relação à Coreia do Sul no que diz respeito aos nossos modestos processos inovadores de produção, além das limitadas parcerias entre instituições de educação superior e empresas brasileiras.

O Brasil, dados do Censo da Educação Superior 2019, tem 177.017 professores com doutorado completo, o que significa 45,9% do total dos docentes na educação superior do país. A partir desses números, percebe-se  que existe massa crítica suficiente para se ampliar P&D aqui. Contudo, arrisco dizer que a maioria desses doutores brasileiros, sendo uma boa parte financiada com bolsas de estudo do setor público, não se interessa em atender às crescentes demandas para a produção de tecnologias inovadoras, relacionadas fortemente com o crescimento da economia brasileira.

Ao mesmo tempo, uma parte expressiva das empresas presentes no Brasil não quer destinar parte de seus orçamentos para o financiamento dessas pesquisas, pois, ao contrário de países desenvolvidos, como é a Coreia do Sul, prefere atribuir apenas aos governos essa responsabilidade, ainda não entendendo de que financiar P&D é um enorme investimento para a ampliação de seus ambientes de negócios, via aumento de sua competitividade no mercado interno e externo, uma questão de sobrevivência empresarial.

Para buscar alternativas que ajudem na solução desse dilema brasileiro, em boa parte responsável pelos obstáculos ao nosso desenvolvimento em geral, entendo que governos, instituições de educação superior e empresas precisam se envolver mais nesse desafio. Trazendo essa discussão para a realidade de Goiás, em 2005 o governo estadual criou a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), a qual para continuar financiando pesquisas que se relacionem com a expansão da economia goiana, demanda maiores recursos públicos. Do mesmo modo, para se produzir P&D, é mister que as instituições de educação superior estimulem seus programas de stricto sensu a se aproximarem mais dos governos e, principalmente, das empresas atendendo às diversas demandas desses setores, dando maior atenção a P&D.

Quanto às empresas, compete às suas lideranças (FIEG,FAEG, FECOMÉRCIO, ADIAL, dentre outras) estimularem fontes de financiamento e parcerias para que se avancem essas ações de P&D, onde os resultados serão novas tecnologias agregadas aos seus produtos, tornando-os mais atraentes. Fico feliz ao ver que instituições em Goiás estão comprometidas com P&D, tais como Furnas e outros parceiros que buscam produzir energia a partir do hidrogênio, em Itumbiara e, recentemente, dois professores do Instituto Federal Goiano, Câmpus Trindade, Maria Socorro Duarte e Vinicius Otto Aguiar, que promovem pesquisas para a criação de uma nova equação de chuvas em Goiânia. Que assim seja!

Paulo Borges Campos Jr.
Economista, doutor pela UFG e consultor sênior da Tarumã Consultoria. pauloborges.consultoria@gmail.com

Paulo Borges Campos Jr é economista e Doutor pela UFG e secretário Executivo de Economia e Parcerias da Secretaria da Fazenda de Aparecida de Goiânia

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